Lê e sente, algumas aulas de escrita e diálogo de línguas latinas, notícias estonteantes e é claro o meu Blog.
Um abraço e apreciem o momento.
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Tuesday, September 22, 2015
John Locke - Empirismo - Tabula Rasa // Espiritismo
John Locke (Obra e Contribuição – Síntese)
John Locke (1632 – 1704), filósofo inglês que estudou humanidades e interessou-se pelas ciências da natureza e pela medicina. Foi professor durante a maior parte de sua vida e através do ensino estabeleceu sua teoria empirista.
As teorias epistemológicas de Locke foram expostas em Essay Concerning Human Understanding (Ensaio sobre o conhecimento humano, 1690), no qual fundamentou o empirismo.
Ele negava radicalmente que existissem idéias inatas, tese defendida por Descartes. Quando se nasce, argumentava, a mente é uma página em branco (tabula rasa) que a experiência vai preenchendo. O conhecimento produz-se em duas etapas: a) a da sensação, proporcionada pelos sentidos, e b) a da reflexão, que sistematiza o resultado das sensações. Na educação, compilou uma série de preceitos sobre aprendizado e desenvolvimento, com base em sua experiência de médico e preceptor, que teve grande repercussão nas classes emergentes de seu tempo.
A grande e duradoura importância de Locke para a história do pensamento está no entrecruzamento de suas áreas de estudo (Filosofia, Política, Educação). Assim, a defesa da liberdade individual, que ocupa lugar central na doutrina política lockiana, encontra correspondência na prioridade que ele confere, no campo da educação, ao desenvolvimento de um pensamento próprio pela criança.
Suas investigações sobre o conhecimento o levaram a conceber um aprendizado coerente com sua mais famosa afirmação: a mente humana é tabula rasa, expressão latina análoga à idéia de uma tela em branco.
É por isso que, para Locke, o aprendizado depende primordialmente das informações e vivências às quais a criança é submetida e que ela absorve de modo relativamente previsível e passivo. É, portanto, um aprendizado de fora para dentro, ao contrário do que defenderam alguns pensadores de linha idealista, como Rousseau e Pestalozzi e a maioria dos teóricos da educação contemporâneos.
Ao negar o inatismo, contrariava o legado do filósofo mais influente da época, o francês René Descartes (1596-1650) - e o princípio de que todas as idéias nascem da experiência, estabelecendo na ciência moderna, o empirismo. A educação ganhava, desse modo, importância incontornável na formação da criança, uma vez que, sozinha, ela se encontra desprovida de matéria-prima para o raciocínio e sem orientação para adquiri-lo, estando fadada ao egocentrismo e à ignorância moral.
Apesar do valor que dava à racionalidade, Locke era cético quanto ao alcance da compreensão da mente. O objetivo de sua obra principal foi tentar determinar quais são os mecanismos e os limites da capacidade de apreensão do mundo pelo homem. Segundo o filósofo, como todo conhecimento advém, em última instância, dos sentidos, só se pode captar as coisas e os fenômenos em sua superfície, sendo impossível chegar a suas causas primordiais. Do material fornecido pelos sentidos nasceriam as idéias simples que, combinadas, formariam as mais complexas. O conhecimento não passaria de "concordância ou discordância entre as idéias".
Ensaio sobre o
Entendimento Humano
Para Locke, as crianças não são dotadas de motivação natural para o aprendizado. É necessário oferecer o conhecimento a elas de modo convidativo - mediante jogos, por exemplo. E, embora desse primazia teórica às sensações, não via nelas função didática: educar com prêmios e punições (para provocar prazer e mal-estar) seria manter os pequenos no estágio mais primário do entendimento humano. Levá-los a pensar faria com que rompessem a dependência dos sentidos. Embora não descartasse a possibilidade de castigos, inclusive corporais, Locke afirmava que seu uso poderia fazer com que as crianças se tornassem adultos frágeis e medrosos.
No livro Alguns Pensamentos Referentes à Educação, Locke afirma que "é possível levar, facilmente, a alma das crianças numa ou noutra direção, como a água". Formar um aluno, sob o aspecto intelectual ou moral, seria exclusivamente um resultado do trabalho das pessoas que os educam - pais e professores, a quem caberia sobretudo dar o exemplo de como pensar e se comportar, treinando a criança para agir adequadamente. O aprendizado deveria ser feito por meio de atividades. A idéia era que a criança, pelo hábito, acabaria por entender o que está fazendo. Para Locke, a educação ideal seria promovida em casa, por um preceptor, papel que ele próprio desempenhou para os filhos de alguns amigos.
Homem de fé, Locke já havia publicado anonimamente em 1689 sua Carta sobre a tolerância, a que se seguiram duas obras com o mesmo título e em inglês. Na obra, expõe sua convicção de que todos os sistemas religiosos correspondem a um substrato comum, espécie de religião natural, e de que as idéias religiosas só se podem assumir de forma livre, nunca por coação.
Fonte:
BOBBIO, Norberto. Locke e o Direito Natural. Editora UNB, Brasília, 1997.
LOCKE, John. Dois Tratados sobre o governo. Editora Martins Fontes, São Paulo, 1998.
___________. Ensaio acerca do Entendimento Humano (Série – Os Pensadores). Editora Nova Cultural, São Paulo, 1999.
___________. Essays on the Law of Nature, edição von Leyden, Oxfor, Clarendon Press, 1954
LASLETT, Peter. Comentários e Organização do Material introdutório aos Dois Tratados sobre o governo. Editora Martins Fontes, São Paulo, 1998.
MARTINS, Carlos Estevam e MONTEIRO, João Paulo. Comentários e Organização do Material introdutório ao Ensaio acerca do Entendimento Humano (Série – Os Pensadores). Editora Nova Cultural, São Paulo, 1999.
Tuesday, March 10, 2015
O homem e sua multi-dimensionalidade.
O homem é um ser complexo, capaz de se adaptar aos mais diversose precisosambientes , é um ser multifacetado que age de acordo com o que o momento o pede, ninguém pode ser um ser só centrado,pois a própria vida também é multifacetada,ou seja é feita de momentos e cada momento deve ser vivido de maneira diferente sem perder a essência do ser.
Essa multidimensionalidadetanto interna quanto externa, vem ser necessária ao ser como modo deviver em sintonia coma sociedade, pois se o homem pudesse chegar ao ponto de se auto individualizar com apenas uma linhade ser , correria o risco de ser excluído da sociedade.
O ser multidimensional pode ser dividido em quatro dimensões: biológica, psíquica, social e espiritual, vejamos a seguir como se dá o desenvolvimento do ser-eu apartir destas dimensões nos dias atuais.
Do ponto de vista psíquicosabemos queo homematravés dos séculos vem buscando um sentido para a existência , conhecer a si mesmo , e dessa forma encontrar a tão almejada felicidade , erealmente apenas conhecendo a si, que podemos conhecer aos outros e entender suas atitudes, pois o homem tem toda a verdade implícita em si, talvez ,se partimos para o lado religioso, esse seja o pouco de Deus que todos temos, pois se pararmos para ouvir a si próprio nas situações mais difíceis ou em questões a serem resolvidas , certamente encontraremos a respostas corretas , a popularmente chamada voz da consciência, mesmo que você não as queira ouvir, todas as respostas estão em nosso interior, isto seria deixar uma espécie defenomenologia brotar ,fugindo de padrões extremamente racionais e subjetivos.
Do ponto de vista social, temos varias opiniões e teorias, em torno da formação do homem e sua personalidade, seria genético?. Seria seu ambientesocial ?, o responsável pelo que o ser humano se torna?
Segundo Jean-Jacques Rousseau (Genebra, 28 de Junho de 1712 Ermenonville, 2 de Julho de 1778), filosofo iluminista ,
"..todo homem nasce bom a sociedade é queocorrompe"...
podemos interpretar esta teoria também ´de outra forma ,questionado o que seria este "bom",. Bom para receber ensinamentos bons e bom para receber ensinamentos maus, dessa formas o homem nasceria vazio, esperando seu preenchimento de acordo com seu destino.
Poderíamos então tomar a s palavras do sábio Jean-Paul Charles Aymard Sartre (Paris, 21 de Junho de 1905 Paris, 15 de Abril de 1980)filosofo existencialista:
"somos aquilo que fazemos do que fizeram de nós..."
este pensamento reúne bem os dois extremos, o ambiente em que o homem vive, e o que o homem faz de si partir deste ambiente, não insentando o homem de responsabilidades sobre asua personalidade.
O ser humano se torna capaz de se adaptar tanto com o bom quanto o mal, segundo estudos do sociólogo alemãoGeorg Simmel (Berlim 1 de maio de 1858 Estrasburgo, 28 de Setembro de 1918), esse processo acontece devido a teoria dos impulsos nervosos, que faz com que fatos cotidianos , como a violência, sejam amenizados , devido a seqüência de fatos, e dessa maneira o cérebro humano acaba se "acostumando¨", e faz com este perca de certa forma uma indignação primeira sobreo fato, ou talvezseja necessária essa adaptação como instinto de sobrevivência psicológica na sociedade.
Do ponto de vista biológico o corpo é constituído de tronco , membros , e cabeça, mesmo que você tenha todos estes em perfeito estado , na realidade não é o bastante, pois mais uma vez a vida social pede que você seje mais, você precisa ter um corpo padrão , magro, como impõe a sociedade através da mídia que monopoliza o pensamento humano.
Se faz necessário também um visualmuitas vezes composto por roupas de marcas , grifes, também regras impostas pela mídia, que exibe cada vez mais corpos perfeitos, raridades se comparados a totalidade da população mundial, mais apenas este são enfatizados e tomados como exemplos , o que faz cada vez mais pessoas recorrerem a todo tipo de situação que lhes pareça a oportunidade de serem como lhes são proposto, como em cirurgias plásticas nas quais ela arriscam suas vidas com o propósito de serem aceitas e dessa forma mais felizes.
Ainda existe implícito no homem a espiritualidade , onde esse situa essência de todo o ser,e é onde o homem a mantém preservada , pois esta é livre de influencias do mundo externo .Quando o homem deixa de lado seu espiritualismo, vive apenas mecanicamente,e infeliz , podemos perceber que cada vez mais a depressão assola o homem, considerada doença do século talvez porquenunca o homem foi tão cobrado, tão tecnológico, nunca teve de ser tão pratico , móvel, transformável, fazendo-o perder uma parte de sua verdadeira essência , tendo de se adaptar para manter sua sobrevida.
Concluindo o ser eu mesmo da pessoa humana se da apartir do momento em que esta consegue conciliar seu ser individual e seu ser social, o seja viver harmoniosamente em sociedade , respeitando os direitos alheios , sem perder sua individualidade e através de uma busca interior descobrir e preservar sua essência .
Ter o poder de discernir entre o que é bom pra si e o que é ruim,e podendo controlar ate que ponto a sociedade e o ambiente podem influenciar em sua personalidade.
.
Bibliografia:
FILOSOFANDO, INTRODUÇÃO Á FILOSOFIA ,MARIA LUCIA DE ARRUDAARANHA , MARIA HELENA PIRES MARTINS
SITE: WWW.MUNDODOS FILOSOFOS .COM.BR
DATA DE ACESSO:17/11/09 22:00HS
Site: http://www.aguaforte.com/antropologia/homem.htm
DATA DE ACESSO: 18/11/2009
Leia mais em: http://www.webartigos.com/artigos/o-homem-em-sua-multidimensionalidade/32815/#ixzz3U16ecCLM
Fonte : http://www.webartigos.com/artigos/o-homem-em-sua-multidimensionalidade/32815/
Essa multidimensionalidadetanto interna quanto externa, vem ser necessária ao ser como modo deviver em sintonia coma sociedade, pois se o homem pudesse chegar ao ponto de se auto individualizar com apenas uma linhade ser , correria o risco de ser excluído da sociedade.
O ser multidimensional pode ser dividido em quatro dimensões: biológica, psíquica, social e espiritual, vejamos a seguir como se dá o desenvolvimento do ser-eu apartir destas dimensões nos dias atuais.
Do ponto de vista psíquicosabemos queo homematravés dos séculos vem buscando um sentido para a existência , conhecer a si mesmo , e dessa forma encontrar a tão almejada felicidade , erealmente apenas conhecendo a si, que podemos conhecer aos outros e entender suas atitudes, pois o homem tem toda a verdade implícita em si, talvez ,se partimos para o lado religioso, esse seja o pouco de Deus que todos temos, pois se pararmos para ouvir a si próprio nas situações mais difíceis ou em questões a serem resolvidas , certamente encontraremos a respostas corretas , a popularmente chamada voz da consciência, mesmo que você não as queira ouvir, todas as respostas estão em nosso interior, isto seria deixar uma espécie defenomenologia brotar ,fugindo de padrões extremamente racionais e subjetivos.
Do ponto de vista social, temos varias opiniões e teorias, em torno da formação do homem e sua personalidade, seria genético?. Seria seu ambientesocial ?, o responsável pelo que o ser humano se torna?
Segundo Jean-Jacques Rousseau (Genebra, 28 de Junho de 1712 Ermenonville, 2 de Julho de 1778), filosofo iluminista ,
"..todo homem nasce bom a sociedade é queocorrompe"...
podemos interpretar esta teoria também ´de outra forma ,questionado o que seria este "bom",. Bom para receber ensinamentos bons e bom para receber ensinamentos maus, dessa formas o homem nasceria vazio, esperando seu preenchimento de acordo com seu destino.
Poderíamos então tomar a s palavras do sábio Jean-Paul Charles Aymard Sartre (Paris, 21 de Junho de 1905 Paris, 15 de Abril de 1980)filosofo existencialista:
"somos aquilo que fazemos do que fizeram de nós..."
este pensamento reúne bem os dois extremos, o ambiente em que o homem vive, e o que o homem faz de si partir deste ambiente, não insentando o homem de responsabilidades sobre asua personalidade.
O ser humano se torna capaz de se adaptar tanto com o bom quanto o mal, segundo estudos do sociólogo alemãoGeorg Simmel (Berlim 1 de maio de 1858 Estrasburgo, 28 de Setembro de 1918), esse processo acontece devido a teoria dos impulsos nervosos, que faz com que fatos cotidianos , como a violência, sejam amenizados , devido a seqüência de fatos, e dessa maneira o cérebro humano acaba se "acostumando¨", e faz com este perca de certa forma uma indignação primeira sobreo fato, ou talvezseja necessária essa adaptação como instinto de sobrevivência psicológica na sociedade.
Do ponto de vista biológico o corpo é constituído de tronco , membros , e cabeça, mesmo que você tenha todos estes em perfeito estado , na realidade não é o bastante, pois mais uma vez a vida social pede que você seje mais, você precisa ter um corpo padrão , magro, como impõe a sociedade através da mídia que monopoliza o pensamento humano.
Se faz necessário também um visualmuitas vezes composto por roupas de marcas , grifes, também regras impostas pela mídia, que exibe cada vez mais corpos perfeitos, raridades se comparados a totalidade da população mundial, mais apenas este são enfatizados e tomados como exemplos , o que faz cada vez mais pessoas recorrerem a todo tipo de situação que lhes pareça a oportunidade de serem como lhes são proposto, como em cirurgias plásticas nas quais ela arriscam suas vidas com o propósito de serem aceitas e dessa forma mais felizes.
Ainda existe implícito no homem a espiritualidade , onde esse situa essência de todo o ser,e é onde o homem a mantém preservada , pois esta é livre de influencias do mundo externo .Quando o homem deixa de lado seu espiritualismo, vive apenas mecanicamente,e infeliz , podemos perceber que cada vez mais a depressão assola o homem, considerada doença do século talvez porquenunca o homem foi tão cobrado, tão tecnológico, nunca teve de ser tão pratico , móvel, transformável, fazendo-o perder uma parte de sua verdadeira essência , tendo de se adaptar para manter sua sobrevida.
Concluindo o ser eu mesmo da pessoa humana se da apartir do momento em que esta consegue conciliar seu ser individual e seu ser social, o seja viver harmoniosamente em sociedade , respeitando os direitos alheios , sem perder sua individualidade e através de uma busca interior descobrir e preservar sua essência .
Ter o poder de discernir entre o que é bom pra si e o que é ruim,e podendo controlar ate que ponto a sociedade e o ambiente podem influenciar em sua personalidade.
.
Bibliografia:
FILOSOFANDO, INTRODUÇÃO Á FILOSOFIA ,MARIA LUCIA DE ARRUDAARANHA , MARIA HELENA PIRES MARTINS
SITE: WWW.MUNDODOS FILOSOFOS .COM.BR
DATA DE ACESSO:17/11/09 22:00HS
Site: http://www.aguaforte.com/antropologia/homem.htm
DATA DE ACESSO: 18/11/2009
Leia mais em: http://www.webartigos.com/artigos/o-homem-em-sua-multidimensionalidade/32815/#ixzz3U16ecCLM
Fonte : http://www.webartigos.com/artigos/o-homem-em-sua-multidimensionalidade/32815/
Saturday, February 07, 2015
Documentary: Inner Worlds, Outer Worlds 2012
Inner Worlds was created by Canadian film maker, musician and meditation teacher Daniel Schmidt. The film could be described as the external reflection of his own adventures in meditation.
Akasha is the unmanifested, the "nothing" or emptiness which fills the vacuum of space. As Einstein realized, empty space is not really empty. Saints, sages and yogis who have looked within themselves have also realized that within the emptiness is unfathomable power, a web of information or energy which connects all things.
The Spiral. The Pythagorean philosopher Plato hinted enigmatically that there was a golden key that unified all of the mysteries of the universe. The golden key is the intelligence of the logos, the source of the primordial om. One could say that it is the mind of God. The source of this divine symmetry is the greatest mystery of our existence.
The Serpent and the Lotus. The spiral has often been represented by the snake, the downward current, while the bird or blooming lotus flower has represented the upward current or transcendence.The ancient traditions taught that a human being can become a bridge extending from the outer to the inner, from gross to subtle, from the lower chakras to the higher chakras.
Beyond Thinking. Life, liberty and the pursuit of happiness. We live our lives pursuing happiness "out there" as if it is a commodity. We have become slaves to our own desires and craving. Happiness isn't something that can be pursued or purchased like a cheap suit.
Extra Documentary: Natural Mistery
Espero que gostem! Deixem um comentário.
Wednesday, January 28, 2015
What the Bleep do we know ? (2004) Filme Completo
Part documentary, part story. Amanda (Marlee Matlin) finds herself in a fantastic Alice in Wonderland experience when her daily, uninspired life literally begins to unravel, revealing the world of the quantum field hidden behind her normal reality.
Marlee Matlin Robert Bailey, Jr.Reggie Lead Elliot Elaine Hendrix John Ross Bowie Hulu Bruno Frank Barry Newman Jennifer
John Hagelin Larry Brandenburg Older Man Armin Shimerman Amit Goswami
What the #$*! Do We Know!?
Friday, November 23, 2012
Frases Motivacionais
"Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida." Anônimo
"Cada vez que pensamos que o problema não é nosso, essa atitude é o problema." Stephen R. Covey
"Não há que ser forte. Há que ser flexível." Anônimo
"Quem quer colher rosas deve suportar os espinhos." Anônimo
"A humildade é a realeza sem coroa." Spencer W. Kimball
"Jamais se desespere em meio às mais sombrias aflições de sua vida, pois das nuvens mais negras cai água límpida e fecunda." Anônimo
"Se comermos menos, degustaremos mais." Anônimo
"Qualidade significa fazer certo quando ninguém está olhando." Henry Ford
"Espere o melhor, prepare-se para o pior e receba o que vier." Anônimo
"Um pequeno vazamento eventualmente afunda um grande navio." Anônimo
"A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira." Provérbios
"A quem sabe esperar, o tempo abre as portas." Anônimo
"Antes de começar o trabalho de modificar o mundo, dê três voltas dentro de sua casa." Anônimo
"A língua resiste porque é mole; os dentes cedem porque são duros." Anônimo
"O cavalo prepara-se para o dia da batalha; mas deDeus vem a vitória." Provérbios
"Cuidado com aquele que tem a língua doce e uma espada na cintura. Um inimigo declarado é perigoso, mas um falso amigo é pior." "A língua resiste porque é mole; os dentes cedem porque são duros." Anônimo
"Quem a si próprio elogia, não merece crédito." Anônimo
"Uma língua suave é a árvore da vida, mas a língua perversa quebranta o espírito." Provérbios
"Amigos são mais importantes do que gente influente." Luís Fernando Veríssimo
"É impossível avaliar a força que possuímos sem medir o tamanho do obstáculo que podemos vencer, nem o valor de uma ação sem sabermos o sacrifício que ela comporta." H. W. Beecher
"Um pedaço de pão comido em paz é melhor do que um banquete comido com ansiedade." Esopo
"Use tudo o que você possui para adquirir entendimento." Provérbios
"É mais seguro reconciliar-te com um inimigo do que derrotá-lo. A derrota pode privá-lo de seu veneno; mas a reconciliação o privará de sua vontade de prejudicar." Owen Feltcham
"A alegria faz bem à saúde, estar sempre triste é morrer aos poucos..." Desconhecido
"A preocupação é como a cadeira de balanço: mantém você ocupado, porém, não o leva a lugar algum." Hedy Silvado
"Com os idosos está a sabedoria, e na abundancia de dias o entendimento." Jó
"A cabeça é como um pára-quedas funciona apenas quando aberta." Desconhecido
"O que se foi não é o que mais importa, mas sim, o que você faz com o que restou" Humphrey
"O homem que vê o mundo aos cinqüenta da mesma maneira que o via aos vinte certamente perdeu trinta anos de sua vida." Muhammad Ali
"Você pode engajar-se no mundo, melhorando a si próprio e, por conseqüência, melhorando tudo que está à sua volta, ou esperar que o mundo melhore para que então você possa melhorar." Desconhecido
"Levante-se! Tenha coragem e mãos à obra!" Esdras
"Se você limitar o significado de seu trabalho a dinheiro, você logo estará sem energia." Gerhard Gschwandtner
"Você pode deixar que o medo de perder paralise seus planos, ou Partir para a Ação com o Pouco que tem e Muita Vontade de Ganhar." Desconhecido
"Você nunca fecha uma venda, você abre uma relação a longo prazo." Dennis Waitley
"Se você espera por condições ideais você nunca fará nada." Eclesiastes
"Você deve viver de tal modo que os outros pensem bem de você e você pense bem de si mesmo." Lucy Malory
"Você não pode ensinar nada a um homem; você pode apenas ajudá-lo a encontrar a resposta dentro dele mesmo." Galileu Galilei
"Vivemos daquilo que conseguimos, mas aquilo que damos é que nos dá vida." John Maxwell
"Viver é a única coisa que não dá para deixar para depois." Guttenberg Guarabyra
"Um sonho se transforma em objetivo a partir do momento em que você estabelece uma data para realizá-lo." Desconhecido
"Velocidade é útil somente se você está correndo na direção certa." Joel A. Barker
"Viva a cada dia como se a vida estivesse começando." Johann Goethe
"Um coração caridoso é aquele que suporta com paciência as imperfeições do próximo." Desconhecido
"Uma longa viagem começa com um único passo." Lao Tsé
"Vá até onde sua vista alcançar e, ao chegar lá, você sempre conseguirá enxergar mais longe." Zig Ziglar
"Todo mundo pode ser grande... porque todo mundo pode servir." Desconhecido
"Uma das mais belas compensações da vida é o fato de nenhum homem poder ajudar outro sem ajudar a si mesmo." Ralph Waldo Emerson
"Toda pessoa espera por um milagre de sua mente, de seu corpo, de outras pessoas ou, simplesmente, dos acontecimentos." Paul Valéry
"As pessoas notáveis possuem algo em comum: um absoluto senso de missão." Zig Ziglar
"Ter saúde, comida, energia, amigos e tudo o mais em abundância é bom. Desde que não se confunda abundância com o excesso. Esta última é totalmente prejudicial a qualquer individuo." Viana
"Vencedores nunca desistem e quem desiste nunca vence." Vincent Lombardi
"Toda a arte de ensinar é apenas a arte de acordar a curiosidade natural nas mentes jovens, com o propósito de serem satisfeitas mais tarde." Anatole France
"Superar o fácil não tem mérito, é obrigação; vencer o difícil é glorificante; ultrapassar o outrora impossível é esplendoroso." Alexandre Fonteles
"Tartarugas conhecem as estradas melhor do que os coelhos." Kahlil Gibran
"Temos a capacidade de nos adaptar em qualquer situação. Pode levar alguns minutos, alguns dias, meses ou anos. O tempo não importa." Viana
"Sorria sempre... para não dar aos que te odeiam, o prazer de te ver triste; e para dar aos que te amam, a certeza de que és feliz." Anônimo
"Tentar e falhar é, pelo menos, aprender. Não chegar a tentar é sofrer a inestimável perda do que poderia ter sido." Albino Teixeira
"Sorte é o que acontece quando a preparação encontra a oportunidade." Elmer Letterman
"Só uma coisa torna um sonho impossível: o medo de fracassar." Desconhecido
"Dedique tempo e energia somente aos temas mais importantes de sua vida." John Maxwell
"Somos o que repetidamente fazemos. A excelência, portanto, não é um feito, mas um hábito." Aristóteles
"Sem arriscar, não vivemos a esperança." Dom Helder Câmara
"Seus maiores medos podem ser a principal causa de seus sofrimentos. Se torturar gratuitamente é comum para os perdedores." Desconhecido
"Não há progresso sem mudança. E quem não consegue mudar a si mesmo, acaba não mudando coisa alguma." George Bernard Shaw
"Os homens são como os vinhos: a idade azeda os maus e apura os bons." Cícero
"Seja corajoso - e forças poderosas virão em seu auxílio." Basil King
"A verdadeira origem da descoberta consiste não em procurar novas paisagens, mas em ter novos olhos." Marcel Proust
"As pessoas que alcançam seu potencial pensam em aperfeiçoamento." John Maxwell
"Se seus sonhos estiverem nas nuvens, não se preocupe, pois eles estão no lugar certo; agora construa os alicerces." Desconhecido
"Se você estiver boiando e não nadando, está perdendo terreno." Stephen W. Comiskey
"Sorria. O sorriso ajuda-nos a descobrir motivos de alegria em volta de nós. Nossa alegria contagia os outros e a vida fica melhor." Desconhecido
"Quem fica deitado pode não cair, mas não aprende a andar." Hermógenes
"Quatro etapas para uma façanha: planejar objetivamente, preparar religiosamente, proceder positivamente, perseguir persistentemente." William A. Ward
"Sorria. O sorriso ajuda-nos a descobrir motivos de alegria em volta de nós. Nossa alegria contagia os outros e a vida fica melhor." Desconhecido
"O medo atribui a pequenas coisas grandes sombras." Provérbio Sueco
"Se eu vir uma porta na minha direção, eu a derrubo. E se eu não conseguir derrubar a porta, eu saio pela janela." Rosie Perez
"Concentre 90% do seu tempo em soluções e apenas 10% nos problemas." Anthony J. D’Angelo
"O que se foi não é o que mais importa, mas sim, o que você faz com o que restou" Humphrey
Bons estudos e até a próxima!
"Cada vez que pensamos que o problema não é nosso, essa atitude é o problema." Stephen R. Covey
"Não há que ser forte. Há que ser flexível." Anônimo
"Quem quer colher rosas deve suportar os espinhos." Anônimo
"A humildade é a realeza sem coroa." Spencer W. Kimball
"Jamais se desespere em meio às mais sombrias aflições de sua vida, pois das nuvens mais negras cai água límpida e fecunda." Anônimo
"Se comermos menos, degustaremos mais." Anônimo
"Qualidade significa fazer certo quando ninguém está olhando." Henry Ford
"Espere o melhor, prepare-se para o pior e receba o que vier." Anônimo
"Um pequeno vazamento eventualmente afunda um grande navio." Anônimo
"A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira." Provérbios
"A quem sabe esperar, o tempo abre as portas." Anônimo
"Antes de começar o trabalho de modificar o mundo, dê três voltas dentro de sua casa." Anônimo
"A língua resiste porque é mole; os dentes cedem porque são duros." Anônimo
"O cavalo prepara-se para o dia da batalha; mas deDeus vem a vitória." Provérbios
"Cuidado com aquele que tem a língua doce e uma espada na cintura. Um inimigo declarado é perigoso, mas um falso amigo é pior." "A língua resiste porque é mole; os dentes cedem porque são duros." Anônimo
"Quem a si próprio elogia, não merece crédito." Anônimo
"Uma língua suave é a árvore da vida, mas a língua perversa quebranta o espírito." Provérbios
"Amigos são mais importantes do que gente influente." Luís Fernando Veríssimo
"É impossível avaliar a força que possuímos sem medir o tamanho do obstáculo que podemos vencer, nem o valor de uma ação sem sabermos o sacrifício que ela comporta." H. W. Beecher
"Um pedaço de pão comido em paz é melhor do que um banquete comido com ansiedade." Esopo
"Use tudo o que você possui para adquirir entendimento." Provérbios
"É mais seguro reconciliar-te com um inimigo do que derrotá-lo. A derrota pode privá-lo de seu veneno; mas a reconciliação o privará de sua vontade de prejudicar." Owen Feltcham
"A alegria faz bem à saúde, estar sempre triste é morrer aos poucos..." Desconhecido
"A preocupação é como a cadeira de balanço: mantém você ocupado, porém, não o leva a lugar algum." Hedy Silvado
"Com os idosos está a sabedoria, e na abundancia de dias o entendimento." Jó
"A cabeça é como um pára-quedas funciona apenas quando aberta." Desconhecido
"O que se foi não é o que mais importa, mas sim, o que você faz com o que restou" Humphrey
"O homem que vê o mundo aos cinqüenta da mesma maneira que o via aos vinte certamente perdeu trinta anos de sua vida." Muhammad Ali
"Você pode engajar-se no mundo, melhorando a si próprio e, por conseqüência, melhorando tudo que está à sua volta, ou esperar que o mundo melhore para que então você possa melhorar." Desconhecido
"Levante-se! Tenha coragem e mãos à obra!" Esdras
"Se você limitar o significado de seu trabalho a dinheiro, você logo estará sem energia." Gerhard Gschwandtner
"Você pode deixar que o medo de perder paralise seus planos, ou Partir para a Ação com o Pouco que tem e Muita Vontade de Ganhar." Desconhecido
"Você nunca fecha uma venda, você abre uma relação a longo prazo." Dennis Waitley
"Se você espera por condições ideais você nunca fará nada." Eclesiastes
"Você deve viver de tal modo que os outros pensem bem de você e você pense bem de si mesmo." Lucy Malory
"Você não pode ensinar nada a um homem; você pode apenas ajudá-lo a encontrar a resposta dentro dele mesmo." Galileu Galilei
"Vivemos daquilo que conseguimos, mas aquilo que damos é que nos dá vida." John Maxwell
"Viver é a única coisa que não dá para deixar para depois." Guttenberg Guarabyra
"Um sonho se transforma em objetivo a partir do momento em que você estabelece uma data para realizá-lo." Desconhecido
"Velocidade é útil somente se você está correndo na direção certa." Joel A. Barker
"Viva a cada dia como se a vida estivesse começando." Johann Goethe
"Um coração caridoso é aquele que suporta com paciência as imperfeições do próximo." Desconhecido
"Uma longa viagem começa com um único passo." Lao Tsé
"Vá até onde sua vista alcançar e, ao chegar lá, você sempre conseguirá enxergar mais longe." Zig Ziglar
"Todo mundo pode ser grande... porque todo mundo pode servir." Desconhecido
"Uma das mais belas compensações da vida é o fato de nenhum homem poder ajudar outro sem ajudar a si mesmo." Ralph Waldo Emerson
"Toda pessoa espera por um milagre de sua mente, de seu corpo, de outras pessoas ou, simplesmente, dos acontecimentos." Paul Valéry
"As pessoas notáveis possuem algo em comum: um absoluto senso de missão." Zig Ziglar
"Ter saúde, comida, energia, amigos e tudo o mais em abundância é bom. Desde que não se confunda abundância com o excesso. Esta última é totalmente prejudicial a qualquer individuo." Viana
"Vencedores nunca desistem e quem desiste nunca vence." Vincent Lombardi
"Toda a arte de ensinar é apenas a arte de acordar a curiosidade natural nas mentes jovens, com o propósito de serem satisfeitas mais tarde." Anatole France
"Superar o fácil não tem mérito, é obrigação; vencer o difícil é glorificante; ultrapassar o outrora impossível é esplendoroso." Alexandre Fonteles
"Tartarugas conhecem as estradas melhor do que os coelhos." Kahlil Gibran
"Temos a capacidade de nos adaptar em qualquer situação. Pode levar alguns minutos, alguns dias, meses ou anos. O tempo não importa." Viana
"Sorria sempre... para não dar aos que te odeiam, o prazer de te ver triste; e para dar aos que te amam, a certeza de que és feliz." Anônimo
"Tentar e falhar é, pelo menos, aprender. Não chegar a tentar é sofrer a inestimável perda do que poderia ter sido." Albino Teixeira
"Sorte é o que acontece quando a preparação encontra a oportunidade." Elmer Letterman
"Só uma coisa torna um sonho impossível: o medo de fracassar." Desconhecido
"Dedique tempo e energia somente aos temas mais importantes de sua vida." John Maxwell
"Somos o que repetidamente fazemos. A excelência, portanto, não é um feito, mas um hábito." Aristóteles
"Sem arriscar, não vivemos a esperança." Dom Helder Câmara
"Seus maiores medos podem ser a principal causa de seus sofrimentos. Se torturar gratuitamente é comum para os perdedores." Desconhecido
"Não há progresso sem mudança. E quem não consegue mudar a si mesmo, acaba não mudando coisa alguma." George Bernard Shaw
"Os homens são como os vinhos: a idade azeda os maus e apura os bons." Cícero
"Seja corajoso - e forças poderosas virão em seu auxílio." Basil King
"A verdadeira origem da descoberta consiste não em procurar novas paisagens, mas em ter novos olhos." Marcel Proust
"As pessoas que alcançam seu potencial pensam em aperfeiçoamento." John Maxwell
"Se seus sonhos estiverem nas nuvens, não se preocupe, pois eles estão no lugar certo; agora construa os alicerces." Desconhecido
"Se você estiver boiando e não nadando, está perdendo terreno." Stephen W. Comiskey
"Sorria. O sorriso ajuda-nos a descobrir motivos de alegria em volta de nós. Nossa alegria contagia os outros e a vida fica melhor." Desconhecido
"Quem fica deitado pode não cair, mas não aprende a andar." Hermógenes
"Quatro etapas para uma façanha: planejar objetivamente, preparar religiosamente, proceder positivamente, perseguir persistentemente." William A. Ward
"Sorria. O sorriso ajuda-nos a descobrir motivos de alegria em volta de nós. Nossa alegria contagia os outros e a vida fica melhor." Desconhecido
"O medo atribui a pequenas coisas grandes sombras." Provérbio Sueco
"Se eu vir uma porta na minha direção, eu a derrubo. E se eu não conseguir derrubar a porta, eu saio pela janela." Rosie Perez
"Concentre 90% do seu tempo em soluções e apenas 10% nos problemas." Anthony J. D’Angelo
"O que se foi não é o que mais importa, mas sim, o que você faz com o que restou" Humphrey
Bons estudos e até a próxima!
Friday, June 22, 2012
Teoria do conhecimento - Gnosiologia
O fenómeno do conhecimento é, ao mesmo tempo, um dos mais banais e dos mais difíceis de esclarecer. Pode dizer-se que desde que o homem é homem houve acontecimentos, mas só já numa fase adiantada da evolução humana é que se reflectiu sobre o próprio acto de conhecer.
De princípio, conhecem-se simplesmente as coisas e julga-se que elas se conhecem tais como são; não se pensa no acto do espírito pelo qual se obtém o conhecimento. Mais tarde, o homem verificou que os sentidos e a própria inteligência erravam e, por isso, começou a desconfiar e a pôr em dúvida o valor do seu conhecimento. Foi esta experiência do erro que obrigou o espírito a voltar-se das coisas para si próprio, a fim de analisar o próprio acto de conhecimento, saber o que ele é, determinar a sua essência, descobrir o seu mecanismo e resolver o problema do seu valor. Esta marcha crítica, quanto ao conhecimento, é obra essencialmente filosófica e só apareceu, quando o espírito humano atingiu um certo desenvolvimento - foi destas reflexões que nasceu a teoria do conhecimento ou gnosiologia, que se designa geralmente por problema crítico.
A teoria do conhecimento tem precisamente por objecto o estudo da possibilidade do conhecimento, da sua origem da sua natureza ou essência, do seu valor e limites e, ainda, do problema da verdade. O acto de conhecer é a actividade do espírito pela qual se representa um objecto ou uma realidade. É um acto do espírito e não uma simples reacção automática mais ou menos adaptada às circunstâncias; não é propriamente um acto de conhecimento o sentar-me na cadeira, mas sim o saber porque me sento e como me sento. O resultado do acto de conhecer é uma representação e, portanto, conhecer é representar alguma coisa distinta do sujeito que conhece.
Há, por conseguinte, no conhecimento três elementos: o sujeito que conhece, o objecto conhecido e a relação sujeito - objecto. Este objecto pode ser exterior ao sujeito, como por exemplo, a caneta com que escrevo; pode ser interior, como a maior tristeza ou o meu pensamento; e pode, ainda, identificar-se com o próprio sujeito, como ao procurar conhecer-me a mim próprio. Mas mesmo no caso de identificação do sujeito com o objecto, não deixam de existir aí os três elementos referidos, pois o "eu" que é conhecido apresenta-se ao "eu' conhecedor como uma realidade distinta, mas em relação com ele.
A história da filosofia mostra-nos que os problemas do conhecimento interessaram mais ou menos todos os filósofos desde a velha Grécia, mas sem constituírem uma parte autónoma da filosofia. Com efeito, a teoria do conhecimento ou gnosiologia, como disciplina própria, só apareceu na Idade Moderna, a partir de Locke, que, no seu livro "Ensaio sobre o entendimento humano", tratou directamente da origem, natureza e valor do conhecimento. Desde então, a teoria do conhecimento mereceu as atenções de muitos filósofos que nela têm visto uma das partes da filosofia, com o seu valor e lugar próprio no conjunto dos problemas filosóficos.
A teoria do conhecimento abrange, portanto os seguintes problemas:
1- Possibilidade do conhecimento: É possível conhecer a verdade e possuir a certeza? Ou, ao contrário não podemos passar as dúvida?- Dogmatismo, Cepticismo, Criticismo.
2- Origem do conhecimento - o nosso conhecimento procede apenas da experiência? Ou só da razão que usa certos dados chamados apriorísticos para organizar a experiência ? Ou ainda procederá o conhecimento da experiência e da razão ? - Empirismo, Racionalismo e Empírico-racionalismo.
3- Natureza ou essência do conhecimento - o conhecimento será uma representação ou modificação do sujeito, provocado pelos objectos existentes, independentemente do sujeito conhecedor ? Ou uma modificação puramente subjectiva criada pela consciência? - Realismo e Idealismo.
"(...) Quando se atenta no mundo que nos rodeia, não pode negar-se que ele aparece como uma inata variedade de fenómenos e de relações em movimento perpétuo.
Um número infinito de fenómenos e de relações, agindo uns sobre os outros e a que nem o homem escapa - tudo está no todo que flui -, eis o que uma observação atenta não pode deixar de revelar.
Porém, isso far-nos-á desesperar de conhecer, de saber se é possível conhecer o mundo externo ? Terá de levar-nos à conclusão de que o homem é prisioneiro do seu próprio pensamento, sem possibilidade de conhecer o universo que o rodeia ? É claro que não.
Neste momento registemos esta primeira conclusão que nos leva a outra - é que o conhecimento é um processo, um processo complexo em que há, por um lado, o homem com o seu pensamento e, por outro, dele desligado, o universo externo. (... ) O conhecimento é um processo. Nele podem, porém, distinguir-se várias fases com aspectos qualitativos diversos (fisiológicos, psíquicos, lógicos). Da sensação à percepção, da imagem captada por esta à elaboração racional, e depois à acção material do homem, à sua prática individual e à prática social conjunta, tanto acumulada ao longo do tempo como de uma colectividade em dada fase da sua evolução, eis o conjunto de elementos que se integram para produzir o conhecimento.
A Castro, A Evolução Económica de Portugal
1- O PROBLEMA DA POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO:
Reflectir sobre o conhecimento consiste em questionar o mesmo, o que significa que a própria problematização do conhecimento implica também questionar o valor dos conhecimentos humanos, ou seja, indagar sobre os critérios que permitem reconhecer uni conhecimento como verdadeiro. O que é que assegura ao homem que dado conhecimento é verdadeiro e não falso ? O homem pode conhecer a realidade e ter a certeza daquilo que conhece ?
Qual é então o critério que lhe permite reconhecer a verdade ?
A estas questões os filósofos foram respondendo de modos diferentes, dando origem a diferentes concepções teóricas, das quais se destacam duas teorias opostas: uma afirmativa - o Dogmatismo -, e outra negativa - o Cepticismo.
1.1 O Dogmatismo
O dogmatismo é a doutrina que admite a possibilidade do conhecimento certo. Assim como o realismo é a atitude natural do homem face ao mundo, o mesmo é válido para o dogmatismo: a percepção de um qualquer objecto leva-o a crer, naturalmente, na existência do mesmo não pondo sequer a dúvida de que o conhecimento desse objecto possa ser posto em causa.
O dogmatismo corresponde, portanto, à atitude de todo aquele que crê que o homem tem meios para atingir a verdade, assim como para ter a certeza de que a alcançou, pois considera que existem critérios que lhe permitem distinguir o verdadeiro do falso, o certo do duvidoso. O dogmático não se confronta com a dúvida, na medida em que não problematiza o conhecimento, ele parte simplesmente do pressuposto da possibilidade do conhecimento, tomando este como um dado adquirido, como algo que nem sequer é posto em questão.
"Dogmatikós em grego significa , "que se funda em princípios" ou ,é relativo a uma doutrina. (... ) Dogma é um ponto fundamental e indiscutível de uma doutrina religiosa. Na religião cristã, por exemplo, há o dogma da Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), a qual não deve ser confundida com a existência de três deuses, pois se trata apenas de um Deus é uno . Não importa se a razão não consegue entender, já que é um princípio aceite pela fé e o seu fundamento é a revelação divina. (... ) Quando transpomos esta ideia de dogma para áreas estranhas à religião, ela passa a ser prejudicial ao homem que, uma vez, na posse da verdade, se fixa nela e abdica de continuar a busca. O mundo muda, os acontecimentos sucedem-se e o homem dogmático permanece petrificado nos conhecimentos dados de uma vez por todas. Refractário ao diálogo, teme o novo e não raro torna-se intransigente e prepotente. Disse Nietzsche filósofo alemão do século XIX, que "as convicções são prisões". Quando o dogmático resolve agir, o fanatismo é inevitável. Em nome do dogma da raça ariana, Hitler cometeu o genocídio dos judeus nos campos de concentração."
Aranha, e Martins, Filosofando - Introdução à Filosofia
"Dogma em grego significa, o que se manifesta como bom, opinião, decreto, doutrina. (...) Em filosofia, contudo, nunca a autoridade é, só por si, argumento decisivo: a própria verdade necessita de uma fundamentação interna que satisfaça as exigências da razão. Por isso, o termo adquiriu, frequentemente, sentido pejorativo, significando a adesão a alguma doutrina, sem prévia fundamentação crítica. O problema levantou-se. sobretudo, a propósito do problema gnosiológico.(...)"
Fragata, J."Dogmatismo " in Enciclopédia Logos, p. 145
A atitude habitual do homem comum é, de certo modo, próxima do dogmatismo. Habitualmente, não nos questionamos acerca do valor do conhecimento, não pomos em causa a nossa capacidade para estabelecer a verdade em determinadas áreas, não procuramos indagar da possibilidade da relação cognitiva sujeito-objecto e dos fundamentos dessa relação cognitiva. Para o senso comum, aquele conhecimento vulgar e banal, superficial e acrítico, a existência do objecto em si não é questionada, nem sequer a adequação ou inadequação do nosso conhecimento sensivel a esse objecto: "O senso comum responde logo que sim, que esse algo existe".
1.2 O Cepticismo:
O cepticismo é uma atitude pessimista que o homem tem face à possibilidade de poder alcançar um conhecimento verdadeiro; é a doutrina segundo a qual o espírito humano não pode atingir qualquer verdade com certeza absoluta. O cepticismo, na sua forma radical, nega totalmente a capacidade do sujeito para conhecer algo verdadeiramente, o que acaba por ser uma posição insustentável e contraditória, pois ao afirmar a impossibilidade de alcançar um conhecimento verdadeiro, está já a supor uma verdade - a verdade de que não há nada de verdadeiro.
Esta posição foi assumida, pela primeira vez, por volta de 270 a.C., por Pirrón. Este pensava que nada pode ser considerado verdadeiro ou falso, bom ou mau, belo ou feio, uma vez que o espírito é incapaz de afirmar ou negar seja o que for, por falta de motivos sólidos para o fazer. É, pois, de evitar afirmar ou negar o que quer que seja, isto é, deve suspender-se o juízo (epoché).
Já na Idade Moderna, Montaigne e Hume manifestaram uma atitude céptica; o primeiro no campo da reflexão ética, o segundo quanto à metafísica. De facto, o empresta David Hume, ao reduzir o conhecimento possível aos limites do observável (da experiência), nega a possibilidade de se atingir a certeza e a verdade reduzindo o conhecimento à probabilidade e plausibilidade.
"Skepticós em grego significa "que observa", "que considera". O céptico tanto observa e tanto considera, que conclui pela impossibilidade do conhecimento. Confrontando as diversas filosofias, percebe que são diferentes e ás vezes contraditórias, concluindo que é impossível aderir a qualquer uma delas.
Enquanto o dogrnático se apega à certeza de uma doutrina, o céptico conclui pela impossibilidade de toda a certeza e, neste sentido, considera inútil esta busca infrutífera que não leva a lugar nenhum. "
Aranha, e Martins o.p.citad
1.2.1 David Hume e o Cepticismo:
(...) É pois em vão que tentaremos determinar um só acontecimento, ou descobrir uma causa ou um efeito sem o auxílio da observação e da experiência.
Podemos, a partir daí, descobrir a razão pela qual nenhuma filosofia razoável e modesta conseguiu alguma vez indicar a causa última de uma operação natural, nem mostrar claramente a acção do poder que produz um só efeito no universo. Há acordo geral quando se afirma que o esforço último da razão humana é o de reduzir os princípios que produzem os fenómenos naturais a uma maior simplicidade e os numerosos efeitos particulares a um pequeno número de causas gerais por meio de raciocínios tirados da analogia, da experiência e da observação. Mas será em vão que tentaremos descobrir as causas destas causas gerais; e nunca ficaremos satisfeitos com uma explicação particular. Estas causas e estes princípios últimos serão sempre completamente subtraídos à curiosidade e investigação do homem.»
David Hume, Ensaio sobre o entendimento humano,
2- O PROBLEMA DA ORIGEM DO CONHECIMENTO:
De onde nos vêm as representações que nos servimos para compreender a realidade? De onde procede, fundamentalmente, o conhecimento ? Para que o conhecimento se possa considerar um autêntico conhecimento, é preciso que seja universal e necessário e, ao mesmo tempo, se aplique à realidade, que é singular e contingente. De onde deriva o conhecimento, de modo a satisfazer estas duas condições ? Se procede apenas da experiência satisfará a segunda, mas não a primeira - se é obtido só pela razão, terá carácter universal e necessário, mas não valerá da realidade.
Foi esta dificuldade que dividiu todos os filósofos em duas correntes opostas Empirismo e Racionalismo -, que o Empírico - Racionalismo procura conciliar. O Empirismo diz-nos que o conhecimento provém fundamentalmente da experiência sensível e a esta se reduz, não podendo elevar-se acima dos dados experimentais - por isso se diz que o conhecimento é "a posteriori". O Racionalismo, pelo contrário, valoriza, sobretudo a razão, que organiza, unifica e dá sentido aos dados recebidos espontaneamente da consciência. O Racionalismo, não encontrando na experiência, singular e concreta, explicação para o carácter geral e abstracto do conhecimento, afirma que a razão recebe certas ideias gerais que lhe servem para conhecer a realidade, ou cria certos dados chamados apriorísticos, com os quais organiza e interpreta a experiência - por isso se diz que o conhecimento é "a priori". Finalmente, a corrente Empírico-racionalista afirma que o conhecimento procede da experiência, mas não se reduz à experiência, para estes o conhecimento resulta dum processo de transformação de uma matéria prima dada pelos sentidos e elaborada pela capacidade organizacional do sujeito.
2.1 O Racionalismo:
Descartes, Leibniz e Spinoza são alguns dos representantes do racionalismo. Esta doutrina filosófica afirma que o conhecimento humano tem a sua origem na razão, que possui, ou representações inatas, ou capacidade de criar representações (Ideias gerais) dos objectos, às quais a realidade se submete. Deste modo, é sobre as ideias inatas que (segundo Descartes são as únicas que obedecem ao critério da clareza e da distinção) se constitui um conhecimento que pode ser considerado verdadeiro porque logicamente necessário e universalmente válido.
Os juízos determinados pela experiência não apresentam essas características, por isso, concluem os racionalistas, o verdadeiro conhecimento não pode fundamentar-se na experiência, mas sim na razão.
A matemática, um conhecimento predominantemente conceptual e dedutivo, é o modelo de conhecimento que serviu de base à interpretação racionalista, pois todos os conhecimentos matemáticos derivam de alguns conceitos gerais tomados como ponto de partida dos quais se concluem todos os outros, de acordo com as leis do pensar correcto, que foram definidas, como sabemos, pela ciência da lógica.
2.2 O Empirismo:
Enquanto que os filósofos racionalistas adoptam as matemáticas como o modelo de conhecimento a construir, Locke, Berkeley e Hume adoptam as ciências experimentais como modelo de conhecimento. Daí que todo o conhecimento comece pelos dados oriundos da experiência sensível, ao mesmo tempo que negam que a razão possua ideias inatas.
Vejamos agora um texto muito célebre, no qual Locke retoma a antiga tese da alma como "tábua rasa", na qual só a experiência inscreve conteúdos:
"Admitamos pois que, na origem, a alma é como que uma tábua rasa, sem quaisquer caracteres, vazia de ideia alguma: como adquire ideias? Por que meio recebe essa imensa quantidade que a imaginação do homem, sempre activa e ilimitada, lhe apresenta com uma variedade quase infinita? Onde vai ela buscar todos esses materiais que fundamentam os seus raciocínios e os seus conhecimentos? Respondo com uma palavra: à experiência. É essa a base de todos os nossos conhecimentos e é nela que assenta a sua origem. As observações que fazemos no que se refere a objectos exteriores e sensíveis ou as que dizem respeito às operações interiores da nossa alma, que nós apercebemos e sobre as quais reflectimos, dão ao espírito os materiais dos seus pensamentos. São essas as duas fontes em que se baseiam todas as ideias que, de um ponto de vista natural, possuímos ou podemos vir a possuir."
John Locke, Essay concerning human understanding, Collins, Livro 1, cap. II, p. 68
De facto, os empiristas, para justificarem a sua posição, vão buscar os argumentos às ciências experimentais, à evolução do pensamento e do conhecimento humanos. Ou seja, se as ideias fossem inatas, como pretendem os racionalistas, como justificar a sua ausência nas crianças? Por outro lado, nas ciências experimentais o conhecimento resulta da observação dos factos, na qual a experiência desempenha um papel fundamental. Deste modo, os empiristas são levados a privilegiar a experiência em detrimento da razão.
2.3 O EMPÍRICO - RACIONALISMO:
Nem o racionalismo nem o empirismo são respostas totais aos problemas que pretendem resolver. O racionalismo opõe-se ao empirismo, e a doutrina empírico-racionalista representa uma tentativa de estabelecer a mediação entre estas duas, afirmando que o conhecimento se deve à comparticipação da experiência e da razão.
O maior representante desta corrente é Kant, um filósofo alemão do séc. XVIII, que abordou a questão da origem do conhecimento procurando conciliar as duas doutrinas acima referidas - de facto, para Kant, todo o conhecimento começa na e pela experiência, mas não se limita a ela. Os elementos múltiplos, diversos e contingentes fornecidos pela experiência são integrados em conceitos que o próprio entendimento possui a priori. Deste modo, a experiência fornece a matéria, o conteúdo do conhecimento, enquanto que o entendimento lhe dá uma certa forma; o que significa que o conhecimento é sempre o resultado da junção de uma forma com uma matéria.
2.3.1 O apriorismo ou criticismo de Kant
Kant vai analisar criticamente ambas as doutrinas - o racionalismo e o empirismo -, concluindo da insuficiência de cada uma delas, se perspectivadas de um ponto de vista disjuntivo. Porém, se se conciliarem, talvez resolvam mais satisfatoriamente os problemas.
Kant considera, pois, que o conhecimento não pode fundamentar-se unicamente na razão, como pretendiam os racionalistas, mas também não pode reduzir-se unicamente aos dados da experiência. Esta é antes fonte dos dados recebidos pela nossa sensibilidade, mas devidamente organizados por determinados conceitos existentes no nosso conhecimento, conceitos que não derivam da experiência, pois são-lhe independentes o anteriores - são os conceitos puros do entendimento, a priori, e daí chamar-se apriorismo à doutrina desenvolvida por Kant. Então, para Kant, o conhecimento é como que o resultado de um processo de transformação de uma matéria prima dada pela experiência e apreendida pelo entendimento como tendo determinada significação.
"0 nosso conhecimento procede de duas fontes fundamentais do espírito: a primeira é o poder de receber as representações (a receptividade das impressões), a segunda, o de conhecer o objecto por meio dessas representações (espontaneidade dos conceitos). Pelo primeiro, um objecto é-nos dado; pelo segundo, ele é pensado em relação com esta representação (como simples determinação do espírito). Intuição e conceitos constituem, portanto, os elementos de todo o nosso conhecimento; de maneira que nem os conceitos sem uma intuição que lhes corresponda de algum modo, nem uma intuição sem conceitos, podem dar um conhecimento. (... )
Se chamamos sensibilidade à receptividade do nosso espírito, a capacidade que tem de receber representações na medida em que é afectado de alguma maneira, deveremos, em contrapartida, chamar entendimento à capacidade de produzirmos nós mesmos representações ou à espontaneidade do conhecimento. A nossa natureza implica que a intuição não pode nunca ser senão sensível , quer dizer, que contém apenas a maneira como somos afectados pelos objectos, enquanto o poder de pensar o objecto da intuição sensível é o entendimento. Nenhuma destas duas propriedades é preferível à outra."
Kant, Crítica da Razão Pura
Quer isto dizer que se não pode haver conhecimento sem experiência, continuamos a não ter conhecimento se nos limitarmos exclusivamente a esta. O mesmo se passa em relação à razão. Como sabemos, o verdadeiro conhecimento é aquele que, para além de permitir a sua adequação ao real que se quer conhecer, é também universalmente válido e necessário. O primeiro aspecto pressupõe a experiência como modo do homem contactar com a realidade, o segundo aspecto advém-lhe do facto de existirem conceitos e categorias que são a priori e, como tal, possuem as características de universalidade e de necessidade.
2.3.2 O Construtivismo de Piaget
Como apontamento final, não podíamos deixar de referir aqui a teoria operatória ou psicogenética de Piaget, que contribuiu igualmente para a compreensão do fenómeno de conhecimento como construção: tal como Kant, também Piaget considera que o conhecimento resulta dum processo de transformação de uma matéria prima dada pelos sentidos e elaborada pela capacidade organizacional do sujeito; pelo que a sua teoria se enquadra na corrente empírlco-racionalista de que temos vindo a ocupar-nos.
Como já vimos, Piaget no nosso século, retoma a ideia do conhecimento como uma construção por parte do sujeito a partir dos dados fornecidos pela experiência, procurando a sua justificação psicológica. Ao estudar como se formam as estruturas e as categorias que permitem o funcionamento da inteligência, Jean Piaget dá ao apriorismo de Kant uma versão biologista. Segundo a teoria operatória, o organismo tem que possuir determinadas características que tornem possível a troca de informação com o meio e a construção de conhecimento que, deste modo, não é dado nem é cópia do real. O conhecimento é, assim, fruto de uma interacção entre o sujeito e o meio implicando, por um lado a experiência sensível e, por outro, as estruturas cognitivas de que todo o sujeito é dotado e que lhe permitem construir o seu conhecimento com base nessa mesma experiência.
3. O PROBLEMA DA NATUREZA DO CONHECIMENTO:
Em todo o acto de conhecimento, como vimos, podemos considerar três elementos: o sujeito que conhece, o objecto conhecido e a relação entre o sujeito e o objecto. Para conhecer, o sujeito tem como que sair de si mesmo para ir ao encontro do objecto e apreender as suas propriedades, de modo a representá-lo no espírito. O conhecimento apresenta-se, assim, como uma representação na consciência.
Pode perguntar-se agora: essa representação foi provocada pelo objecto existente fora do sujeito? Neste caso, o conhecimento tem valor objectivo, porque atinge uma realidade que existe independentemente da nossa representação; o conhecimento é a representação das coisas de facto existentes. Ou essa representação será simplesmente uma criação da nossa consciência, à qual nada corresponde fora do sujeito ou, se corresponde, é como se não existisse, porque não pode conhecer-se? O conhecimento, assim, terá unicamente valor subjectivo; representará as modificações subjectivas e atingirá os nossos estádios de consciência.
Ora, perguntar pela natureza do conhecimento consiste precisamente em indagar qual dos dois pólos, sujeito ou objecto do conhecimento, é determinante; ou seja, se o que se conhece directamente é a representação do real, poder-se-á considerar que se conhece efectivamente o real ou apenas a sua representação, a sua imagem? Em resposta a esta perguntas temos duas teorias opostas: o Realismo e o Idealismo.
3.1 O Realismo:
A nossa atitude habitual é acreditar que existe um mundo de objectos físicos que existem independentemente do facto de estarem a ser percebidos por um sujeito, que são causa das nossas percepções e que estas nos dão a conhecer o mundo tal como ele é em si. Esta atitude é habitualmente designada por Realismo. doutrina que afirma que por meio do conhecimento atingimos uma realidade distinta da nossa representação e independente dela, mas que lhe corresponde. Por outras palavras, o realismo admite a existência da realidade exterior (ou do mundo externo) como sendo coisa distinta do pensamento ou das nossas representações, o que significa que, para o realismo, o nosso conhecimento atinge a própria realidade e não apenas as representações subjectivas - atinge o que é, e não o que pensamos que seja.
"0 homem da rua, que não reflectiu muito sobre o problema da percepção e do mundo físico, é realista: crê que existe um mundo físico que está aí, quer o percebamos ou não, e que podemos saber diversas coisas sobre ele. As cinco crenças seguintes parecem ser partilhadas por todos os seres humanos, e o conjunto constituído pelas quatro primeiras fundamenta a opinião que, às vezes, se denominou "realismo ingénuo".
1. Existe um mundo de objectos físicos (árvores, edifícios, colinas, etc.).
2. Pode conhecer-se a verdade dos enunciados acerca destes objectos por meio da experiência sensorial.
3. Estes objectos não só existem quando estão a ser percepcionados, como também quando não estão a ser percepcionados. São independentes da percepção.
4. Por meio dos nossos sentidos, percepcionamos o mundo físico quase tal qual ele é. Em geral, as nossas pretensões ao seu conhecimento, estão justificadas.
As impressões que temos das coisas físicas nos sentidos, são causadas por essas mesmas coisas físicas. Por exemplo, a minha consciência da mesa é causada pela própria mesa. Porém, não há uma única destas proposições que não tenho sido questionada por pessoas que sobre elas pensaram de modo sistemático. Qual poderia ser a base da sua dúvida ?"
3.2 O ldealismo:
Contrariamente ao realismo, o idealismo afirma que o objecto de conhecimento é produto do espírito, o que significa que o conhecimento é produto do sujeito e que as coisas não são mais do que conteúdos de consciência. Berkeley, por exemplo, pensava que o mundo exterior que percepcionamos só existe na nossa percepção. Daí a expressão: esse = percipi, isto é, há uma identidade entre o ser de algo e o ser apercebido.
O idealismo não nega propriamente a existência do mundo externo, mas reduz este às representações, ou seja, ao pensamento, às ideias. Como tal, o nosso conhecimento atinge apenas as modificações subjectivas e não a própria realidade - atinge o que pensamos e não o que é.
"Chama-se idealismo a toda a doutrina - e às vezes a toda a atitude - segundo a qual o mais fundamental, e aquilo pelo qual se supõe que se devem orientar as acções humanas, são ideais - realizáveis ou não, mas quase sempre imaginados como realizáveis. Então, o idealismo contrapõe-se ao realismo, entendido como a doutrina - e às vezes a atitude - segundo a qual o mais fundamental, e aquilo pelo qual se supõe que se devem orientar as acções humanas são as 'realidades' - as 'duras realidades' (... ). Considerando, pois, o idealismo como idealismo moderno e tendo em conta que o ponto de partida do pensamento idealista é o sujeito, pode dizer-se que este constitui um esforço para responder à pergunta: 'Como podem, em geral, conhecer-se as coisas ?' (... ) Para o idealismo, 'ser' significa primariamente 'ser dado na consciência, no sujeito, no espírito', 'ser conteúdo da consciência, do sujeito, do espírito', 'estar contido na consciência, no sujeito e no espírito.'
Mora, J.F., Dicionário de Filosofia, tomo I
4- O PROBLEMA DO VALOR DO CONHECIMENTO:
Posto isto, podemos agora perguntarmo-nos: o nosso conhecimento intelectual terá valor objectivo e absoluto, ou apenas valor subjectivo e relativo ?
Terá valor objectivo se atingir o real, a essência das coisas, os objectos, tendo também, assim, um valor absoluto, pois sendo imutável a realidade essencial, também o respectivo conhecimento terá carácter absoluto - realismo. Terá carácter subjectivo, se apenas atingir as modificações subjectivas, a maneira como pensamos a realidade, o que as coisas são para nós e não a própria realidade em si e, por isto, também terá valor relativo, porque vale só para nós e para todos os seres constituídos como nós - relativismo.
O valor e limites do conhecimento estão dependentes da atitude que se tomar quanto à sua origem e à sua natureza. Assim, o empirismo, o racionalismo. e o idealismo são teorias relativistas, enquanto que o empírico-racionalismo e o próprio realismo conferem ao conhecimento valor absoluto.
Senão vejamos:
para o Empirismo, o conhecimento tem um valor relativo; não só porque varia com a experiência (o que é verdadeiro para a experiência deste mundo poderá não o ser para um mundo diverso), mas porque se limita a conhecer os fenómenos e, por isso, vale só para o mundo constituído pelos fenómenos.
para o Racionalismo, a realidade é interpretada em função de certos dados da razão que traduzem as possibilidades do espírito humano nesse sentido e, assim, o seu valor também é relativo, urna vez que é válido apenas para os seres que tenham uma constituição psicológica como a nossa.
para o Idealismo, o conhecimento tem valor puramente subjectivo e relativo, limitando-se o homem a conhecer apenas as suas modificações subjectivas, às quais nada de material corresponde na realidade (Berkeley), ou a conhecer as aparências da realidade - os fenómenos - e não a realidade em si - os númenos (Kant).
Estas três doutrinas são, portanto relativistas
Mas outras há que conferem ao conhecimento um valor objectivo e absoluto:
para o Empírico-Racionalismo e para o realismo o conhecimento tem um valor objectivo e absoluto, porque atinge o fundo da realidade ou a sua essência, não se limitando ao conhecimento das suas aparências ou das suas manifestações. De facto, para estas duas doutrinas, o conhecimento, por ser fruto de elaboração intelectual a partir das realidades percepcionadas, tem valor objectivo, porque as características gerais (ideias) que afirmamos dos indivíduos, ou das coisas, existem de facto nelas. O mundo do conhecimento não é, portanto, uma cópia do mundo real, mas é uma construção intelectual e técnica, a partir dessa mesma realidade.
É conveniente precisar em que sentido é que o conhecimento do homem tem valor absoluto. Quando falamos no conhecimento como valor absoluto, não estamos a dizer que conhecemos a realidade total e perfeitamente, pois, sob este aspecto, o conhecimento é relativo, por estar em contínua evolução e ser maior para uns do que para outros. A verdade total é uma aspiração que se impõe tanto mais quanto maior for o número de conhecimentos que se possui. Isto significa que é o conhecimento da verdade que varia, e não a própria verdade. A verdade de hoje será sempre verdade; se o é para um indivíduo, sê-lo-á para todos, de todos os tempos e lugares - é neste sentido que afirmamos que o conhecimento tem um valor absoluto. O que é realmente verdadeiro ficará sempre verdadeiro e será integrado em novos conhecimentos, uma vez que o homem, sempre sedento de conhecer, vai descobrindo na realidade - novas propriedades e, assim, vai enriquecendo o seu conhecimento - é assim que funciona o conhecimento científico que, nesse sentido, é dinâmico e está em perpétua renovação. O que varia não é a verdade, mas o nosso conhecimento acerca dessa verdade.
De princípio, conhecem-se simplesmente as coisas e julga-se que elas se conhecem tais como são; não se pensa no acto do espírito pelo qual se obtém o conhecimento. Mais tarde, o homem verificou que os sentidos e a própria inteligência erravam e, por isso, começou a desconfiar e a pôr em dúvida o valor do seu conhecimento. Foi esta experiência do erro que obrigou o espírito a voltar-se das coisas para si próprio, a fim de analisar o próprio acto de conhecimento, saber o que ele é, determinar a sua essência, descobrir o seu mecanismo e resolver o problema do seu valor. Esta marcha crítica, quanto ao conhecimento, é obra essencialmente filosófica e só apareceu, quando o espírito humano atingiu um certo desenvolvimento - foi destas reflexões que nasceu a teoria do conhecimento ou gnosiologia, que se designa geralmente por problema crítico.
A teoria do conhecimento tem precisamente por objecto o estudo da possibilidade do conhecimento, da sua origem da sua natureza ou essência, do seu valor e limites e, ainda, do problema da verdade. O acto de conhecer é a actividade do espírito pela qual se representa um objecto ou uma realidade. É um acto do espírito e não uma simples reacção automática mais ou menos adaptada às circunstâncias; não é propriamente um acto de conhecimento o sentar-me na cadeira, mas sim o saber porque me sento e como me sento. O resultado do acto de conhecer é uma representação e, portanto, conhecer é representar alguma coisa distinta do sujeito que conhece.
Há, por conseguinte, no conhecimento três elementos: o sujeito que conhece, o objecto conhecido e a relação sujeito - objecto. Este objecto pode ser exterior ao sujeito, como por exemplo, a caneta com que escrevo; pode ser interior, como a maior tristeza ou o meu pensamento; e pode, ainda, identificar-se com o próprio sujeito, como ao procurar conhecer-me a mim próprio. Mas mesmo no caso de identificação do sujeito com o objecto, não deixam de existir aí os três elementos referidos, pois o "eu" que é conhecido apresenta-se ao "eu' conhecedor como uma realidade distinta, mas em relação com ele.
A história da filosofia mostra-nos que os problemas do conhecimento interessaram mais ou menos todos os filósofos desde a velha Grécia, mas sem constituírem uma parte autónoma da filosofia. Com efeito, a teoria do conhecimento ou gnosiologia, como disciplina própria, só apareceu na Idade Moderna, a partir de Locke, que, no seu livro "Ensaio sobre o entendimento humano", tratou directamente da origem, natureza e valor do conhecimento. Desde então, a teoria do conhecimento mereceu as atenções de muitos filósofos que nela têm visto uma das partes da filosofia, com o seu valor e lugar próprio no conjunto dos problemas filosóficos.
A teoria do conhecimento abrange, portanto os seguintes problemas:
1- Possibilidade do conhecimento: É possível conhecer a verdade e possuir a certeza? Ou, ao contrário não podemos passar as dúvida?- Dogmatismo, Cepticismo, Criticismo.
2- Origem do conhecimento - o nosso conhecimento procede apenas da experiência? Ou só da razão que usa certos dados chamados apriorísticos para organizar a experiência ? Ou ainda procederá o conhecimento da experiência e da razão ? - Empirismo, Racionalismo e Empírico-racionalismo.
3- Natureza ou essência do conhecimento - o conhecimento será uma representação ou modificação do sujeito, provocado pelos objectos existentes, independentemente do sujeito conhecedor ? Ou uma modificação puramente subjectiva criada pela consciência? - Realismo e Idealismo.
"(...) Quando se atenta no mundo que nos rodeia, não pode negar-se que ele aparece como uma inata variedade de fenómenos e de relações em movimento perpétuo.
Um número infinito de fenómenos e de relações, agindo uns sobre os outros e a que nem o homem escapa - tudo está no todo que flui -, eis o que uma observação atenta não pode deixar de revelar.
Porém, isso far-nos-á desesperar de conhecer, de saber se é possível conhecer o mundo externo ? Terá de levar-nos à conclusão de que o homem é prisioneiro do seu próprio pensamento, sem possibilidade de conhecer o universo que o rodeia ? É claro que não.
Neste momento registemos esta primeira conclusão que nos leva a outra - é que o conhecimento é um processo, um processo complexo em que há, por um lado, o homem com o seu pensamento e, por outro, dele desligado, o universo externo. (... ) O conhecimento é um processo. Nele podem, porém, distinguir-se várias fases com aspectos qualitativos diversos (fisiológicos, psíquicos, lógicos). Da sensação à percepção, da imagem captada por esta à elaboração racional, e depois à acção material do homem, à sua prática individual e à prática social conjunta, tanto acumulada ao longo do tempo como de uma colectividade em dada fase da sua evolução, eis o conjunto de elementos que se integram para produzir o conhecimento.
A Castro, A Evolução Económica de Portugal
1- O PROBLEMA DA POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO:
Reflectir sobre o conhecimento consiste em questionar o mesmo, o que significa que a própria problematização do conhecimento implica também questionar o valor dos conhecimentos humanos, ou seja, indagar sobre os critérios que permitem reconhecer uni conhecimento como verdadeiro. O que é que assegura ao homem que dado conhecimento é verdadeiro e não falso ? O homem pode conhecer a realidade e ter a certeza daquilo que conhece ?
Qual é então o critério que lhe permite reconhecer a verdade ?
A estas questões os filósofos foram respondendo de modos diferentes, dando origem a diferentes concepções teóricas, das quais se destacam duas teorias opostas: uma afirmativa - o Dogmatismo -, e outra negativa - o Cepticismo.
1.1 O Dogmatismo
O dogmatismo é a doutrina que admite a possibilidade do conhecimento certo. Assim como o realismo é a atitude natural do homem face ao mundo, o mesmo é válido para o dogmatismo: a percepção de um qualquer objecto leva-o a crer, naturalmente, na existência do mesmo não pondo sequer a dúvida de que o conhecimento desse objecto possa ser posto em causa.
O dogmatismo corresponde, portanto, à atitude de todo aquele que crê que o homem tem meios para atingir a verdade, assim como para ter a certeza de que a alcançou, pois considera que existem critérios que lhe permitem distinguir o verdadeiro do falso, o certo do duvidoso. O dogmático não se confronta com a dúvida, na medida em que não problematiza o conhecimento, ele parte simplesmente do pressuposto da possibilidade do conhecimento, tomando este como um dado adquirido, como algo que nem sequer é posto em questão.
"Dogmatikós em grego significa , "que se funda em princípios" ou ,é relativo a uma doutrina. (... ) Dogma é um ponto fundamental e indiscutível de uma doutrina religiosa. Na religião cristã, por exemplo, há o dogma da Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), a qual não deve ser confundida com a existência de três deuses, pois se trata apenas de um Deus é uno . Não importa se a razão não consegue entender, já que é um princípio aceite pela fé e o seu fundamento é a revelação divina. (... ) Quando transpomos esta ideia de dogma para áreas estranhas à religião, ela passa a ser prejudicial ao homem que, uma vez, na posse da verdade, se fixa nela e abdica de continuar a busca. O mundo muda, os acontecimentos sucedem-se e o homem dogmático permanece petrificado nos conhecimentos dados de uma vez por todas. Refractário ao diálogo, teme o novo e não raro torna-se intransigente e prepotente. Disse Nietzsche filósofo alemão do século XIX, que "as convicções são prisões". Quando o dogmático resolve agir, o fanatismo é inevitável. Em nome do dogma da raça ariana, Hitler cometeu o genocídio dos judeus nos campos de concentração."
Aranha, e Martins, Filosofando - Introdução à Filosofia
"Dogma em grego significa, o que se manifesta como bom, opinião, decreto, doutrina. (...) Em filosofia, contudo, nunca a autoridade é, só por si, argumento decisivo: a própria verdade necessita de uma fundamentação interna que satisfaça as exigências da razão. Por isso, o termo adquiriu, frequentemente, sentido pejorativo, significando a adesão a alguma doutrina, sem prévia fundamentação crítica. O problema levantou-se. sobretudo, a propósito do problema gnosiológico.(...)"
Fragata, J."Dogmatismo " in Enciclopédia Logos, p. 145
A atitude habitual do homem comum é, de certo modo, próxima do dogmatismo. Habitualmente, não nos questionamos acerca do valor do conhecimento, não pomos em causa a nossa capacidade para estabelecer a verdade em determinadas áreas, não procuramos indagar da possibilidade da relação cognitiva sujeito-objecto e dos fundamentos dessa relação cognitiva. Para o senso comum, aquele conhecimento vulgar e banal, superficial e acrítico, a existência do objecto em si não é questionada, nem sequer a adequação ou inadequação do nosso conhecimento sensivel a esse objecto: "O senso comum responde logo que sim, que esse algo existe".
1.2 O Cepticismo:
O cepticismo é uma atitude pessimista que o homem tem face à possibilidade de poder alcançar um conhecimento verdadeiro; é a doutrina segundo a qual o espírito humano não pode atingir qualquer verdade com certeza absoluta. O cepticismo, na sua forma radical, nega totalmente a capacidade do sujeito para conhecer algo verdadeiramente, o que acaba por ser uma posição insustentável e contraditória, pois ao afirmar a impossibilidade de alcançar um conhecimento verdadeiro, está já a supor uma verdade - a verdade de que não há nada de verdadeiro.
Esta posição foi assumida, pela primeira vez, por volta de 270 a.C., por Pirrón. Este pensava que nada pode ser considerado verdadeiro ou falso, bom ou mau, belo ou feio, uma vez que o espírito é incapaz de afirmar ou negar seja o que for, por falta de motivos sólidos para o fazer. É, pois, de evitar afirmar ou negar o que quer que seja, isto é, deve suspender-se o juízo (epoché).
Já na Idade Moderna, Montaigne e Hume manifestaram uma atitude céptica; o primeiro no campo da reflexão ética, o segundo quanto à metafísica. De facto, o empresta David Hume, ao reduzir o conhecimento possível aos limites do observável (da experiência), nega a possibilidade de se atingir a certeza e a verdade reduzindo o conhecimento à probabilidade e plausibilidade.
"Skepticós em grego significa "que observa", "que considera". O céptico tanto observa e tanto considera, que conclui pela impossibilidade do conhecimento. Confrontando as diversas filosofias, percebe que são diferentes e ás vezes contraditórias, concluindo que é impossível aderir a qualquer uma delas.
Enquanto o dogrnático se apega à certeza de uma doutrina, o céptico conclui pela impossibilidade de toda a certeza e, neste sentido, considera inútil esta busca infrutífera que não leva a lugar nenhum. "
Aranha, e Martins o.p.citad
1.2.1 David Hume e o Cepticismo:
(...) É pois em vão que tentaremos determinar um só acontecimento, ou descobrir uma causa ou um efeito sem o auxílio da observação e da experiência.
Podemos, a partir daí, descobrir a razão pela qual nenhuma filosofia razoável e modesta conseguiu alguma vez indicar a causa última de uma operação natural, nem mostrar claramente a acção do poder que produz um só efeito no universo. Há acordo geral quando se afirma que o esforço último da razão humana é o de reduzir os princípios que produzem os fenómenos naturais a uma maior simplicidade e os numerosos efeitos particulares a um pequeno número de causas gerais por meio de raciocínios tirados da analogia, da experiência e da observação. Mas será em vão que tentaremos descobrir as causas destas causas gerais; e nunca ficaremos satisfeitos com uma explicação particular. Estas causas e estes princípios últimos serão sempre completamente subtraídos à curiosidade e investigação do homem.»
David Hume, Ensaio sobre o entendimento humano,
2- O PROBLEMA DA ORIGEM DO CONHECIMENTO:
De onde nos vêm as representações que nos servimos para compreender a realidade? De onde procede, fundamentalmente, o conhecimento ? Para que o conhecimento se possa considerar um autêntico conhecimento, é preciso que seja universal e necessário e, ao mesmo tempo, se aplique à realidade, que é singular e contingente. De onde deriva o conhecimento, de modo a satisfazer estas duas condições ? Se procede apenas da experiência satisfará a segunda, mas não a primeira - se é obtido só pela razão, terá carácter universal e necessário, mas não valerá da realidade.
Foi esta dificuldade que dividiu todos os filósofos em duas correntes opostas Empirismo e Racionalismo -, que o Empírico - Racionalismo procura conciliar. O Empirismo diz-nos que o conhecimento provém fundamentalmente da experiência sensível e a esta se reduz, não podendo elevar-se acima dos dados experimentais - por isso se diz que o conhecimento é "a posteriori". O Racionalismo, pelo contrário, valoriza, sobretudo a razão, que organiza, unifica e dá sentido aos dados recebidos espontaneamente da consciência. O Racionalismo, não encontrando na experiência, singular e concreta, explicação para o carácter geral e abstracto do conhecimento, afirma que a razão recebe certas ideias gerais que lhe servem para conhecer a realidade, ou cria certos dados chamados apriorísticos, com os quais organiza e interpreta a experiência - por isso se diz que o conhecimento é "a priori". Finalmente, a corrente Empírico-racionalista afirma que o conhecimento procede da experiência, mas não se reduz à experiência, para estes o conhecimento resulta dum processo de transformação de uma matéria prima dada pelos sentidos e elaborada pela capacidade organizacional do sujeito.
2.1 O Racionalismo:
Descartes, Leibniz e Spinoza são alguns dos representantes do racionalismo. Esta doutrina filosófica afirma que o conhecimento humano tem a sua origem na razão, que possui, ou representações inatas, ou capacidade de criar representações (Ideias gerais) dos objectos, às quais a realidade se submete. Deste modo, é sobre as ideias inatas que (segundo Descartes são as únicas que obedecem ao critério da clareza e da distinção) se constitui um conhecimento que pode ser considerado verdadeiro porque logicamente necessário e universalmente válido.
Os juízos determinados pela experiência não apresentam essas características, por isso, concluem os racionalistas, o verdadeiro conhecimento não pode fundamentar-se na experiência, mas sim na razão.
A matemática, um conhecimento predominantemente conceptual e dedutivo, é o modelo de conhecimento que serviu de base à interpretação racionalista, pois todos os conhecimentos matemáticos derivam de alguns conceitos gerais tomados como ponto de partida dos quais se concluem todos os outros, de acordo com as leis do pensar correcto, que foram definidas, como sabemos, pela ciência da lógica.
2.2 O Empirismo:
Enquanto que os filósofos racionalistas adoptam as matemáticas como o modelo de conhecimento a construir, Locke, Berkeley e Hume adoptam as ciências experimentais como modelo de conhecimento. Daí que todo o conhecimento comece pelos dados oriundos da experiência sensível, ao mesmo tempo que negam que a razão possua ideias inatas.
Vejamos agora um texto muito célebre, no qual Locke retoma a antiga tese da alma como "tábua rasa", na qual só a experiência inscreve conteúdos:
"Admitamos pois que, na origem, a alma é como que uma tábua rasa, sem quaisquer caracteres, vazia de ideia alguma: como adquire ideias? Por que meio recebe essa imensa quantidade que a imaginação do homem, sempre activa e ilimitada, lhe apresenta com uma variedade quase infinita? Onde vai ela buscar todos esses materiais que fundamentam os seus raciocínios e os seus conhecimentos? Respondo com uma palavra: à experiência. É essa a base de todos os nossos conhecimentos e é nela que assenta a sua origem. As observações que fazemos no que se refere a objectos exteriores e sensíveis ou as que dizem respeito às operações interiores da nossa alma, que nós apercebemos e sobre as quais reflectimos, dão ao espírito os materiais dos seus pensamentos. São essas as duas fontes em que se baseiam todas as ideias que, de um ponto de vista natural, possuímos ou podemos vir a possuir."
John Locke, Essay concerning human understanding, Collins, Livro 1, cap. II, p. 68
De facto, os empiristas, para justificarem a sua posição, vão buscar os argumentos às ciências experimentais, à evolução do pensamento e do conhecimento humanos. Ou seja, se as ideias fossem inatas, como pretendem os racionalistas, como justificar a sua ausência nas crianças? Por outro lado, nas ciências experimentais o conhecimento resulta da observação dos factos, na qual a experiência desempenha um papel fundamental. Deste modo, os empiristas são levados a privilegiar a experiência em detrimento da razão.
2.3 O EMPÍRICO - RACIONALISMO:
Nem o racionalismo nem o empirismo são respostas totais aos problemas que pretendem resolver. O racionalismo opõe-se ao empirismo, e a doutrina empírico-racionalista representa uma tentativa de estabelecer a mediação entre estas duas, afirmando que o conhecimento se deve à comparticipação da experiência e da razão.
O maior representante desta corrente é Kant, um filósofo alemão do séc. XVIII, que abordou a questão da origem do conhecimento procurando conciliar as duas doutrinas acima referidas - de facto, para Kant, todo o conhecimento começa na e pela experiência, mas não se limita a ela. Os elementos múltiplos, diversos e contingentes fornecidos pela experiência são integrados em conceitos que o próprio entendimento possui a priori. Deste modo, a experiência fornece a matéria, o conteúdo do conhecimento, enquanto que o entendimento lhe dá uma certa forma; o que significa que o conhecimento é sempre o resultado da junção de uma forma com uma matéria.
2.3.1 O apriorismo ou criticismo de Kant
Kant vai analisar criticamente ambas as doutrinas - o racionalismo e o empirismo -, concluindo da insuficiência de cada uma delas, se perspectivadas de um ponto de vista disjuntivo. Porém, se se conciliarem, talvez resolvam mais satisfatoriamente os problemas.
Kant considera, pois, que o conhecimento não pode fundamentar-se unicamente na razão, como pretendiam os racionalistas, mas também não pode reduzir-se unicamente aos dados da experiência. Esta é antes fonte dos dados recebidos pela nossa sensibilidade, mas devidamente organizados por determinados conceitos existentes no nosso conhecimento, conceitos que não derivam da experiência, pois são-lhe independentes o anteriores - são os conceitos puros do entendimento, a priori, e daí chamar-se apriorismo à doutrina desenvolvida por Kant. Então, para Kant, o conhecimento é como que o resultado de um processo de transformação de uma matéria prima dada pela experiência e apreendida pelo entendimento como tendo determinada significação.
"0 nosso conhecimento procede de duas fontes fundamentais do espírito: a primeira é o poder de receber as representações (a receptividade das impressões), a segunda, o de conhecer o objecto por meio dessas representações (espontaneidade dos conceitos). Pelo primeiro, um objecto é-nos dado; pelo segundo, ele é pensado em relação com esta representação (como simples determinação do espírito). Intuição e conceitos constituem, portanto, os elementos de todo o nosso conhecimento; de maneira que nem os conceitos sem uma intuição que lhes corresponda de algum modo, nem uma intuição sem conceitos, podem dar um conhecimento. (... )
Se chamamos sensibilidade à receptividade do nosso espírito, a capacidade que tem de receber representações na medida em que é afectado de alguma maneira, deveremos, em contrapartida, chamar entendimento à capacidade de produzirmos nós mesmos representações ou à espontaneidade do conhecimento. A nossa natureza implica que a intuição não pode nunca ser senão sensível , quer dizer, que contém apenas a maneira como somos afectados pelos objectos, enquanto o poder de pensar o objecto da intuição sensível é o entendimento. Nenhuma destas duas propriedades é preferível à outra."
Kant, Crítica da Razão Pura
Quer isto dizer que se não pode haver conhecimento sem experiência, continuamos a não ter conhecimento se nos limitarmos exclusivamente a esta. O mesmo se passa em relação à razão. Como sabemos, o verdadeiro conhecimento é aquele que, para além de permitir a sua adequação ao real que se quer conhecer, é também universalmente válido e necessário. O primeiro aspecto pressupõe a experiência como modo do homem contactar com a realidade, o segundo aspecto advém-lhe do facto de existirem conceitos e categorias que são a priori e, como tal, possuem as características de universalidade e de necessidade.
2.3.2 O Construtivismo de Piaget
Como apontamento final, não podíamos deixar de referir aqui a teoria operatória ou psicogenética de Piaget, que contribuiu igualmente para a compreensão do fenómeno de conhecimento como construção: tal como Kant, também Piaget considera que o conhecimento resulta dum processo de transformação de uma matéria prima dada pelos sentidos e elaborada pela capacidade organizacional do sujeito; pelo que a sua teoria se enquadra na corrente empírlco-racionalista de que temos vindo a ocupar-nos.
Como já vimos, Piaget no nosso século, retoma a ideia do conhecimento como uma construção por parte do sujeito a partir dos dados fornecidos pela experiência, procurando a sua justificação psicológica. Ao estudar como se formam as estruturas e as categorias que permitem o funcionamento da inteligência, Jean Piaget dá ao apriorismo de Kant uma versão biologista. Segundo a teoria operatória, o organismo tem que possuir determinadas características que tornem possível a troca de informação com o meio e a construção de conhecimento que, deste modo, não é dado nem é cópia do real. O conhecimento é, assim, fruto de uma interacção entre o sujeito e o meio implicando, por um lado a experiência sensível e, por outro, as estruturas cognitivas de que todo o sujeito é dotado e que lhe permitem construir o seu conhecimento com base nessa mesma experiência.
3. O PROBLEMA DA NATUREZA DO CONHECIMENTO:
Em todo o acto de conhecimento, como vimos, podemos considerar três elementos: o sujeito que conhece, o objecto conhecido e a relação entre o sujeito e o objecto. Para conhecer, o sujeito tem como que sair de si mesmo para ir ao encontro do objecto e apreender as suas propriedades, de modo a representá-lo no espírito. O conhecimento apresenta-se, assim, como uma representação na consciência.
Pode perguntar-se agora: essa representação foi provocada pelo objecto existente fora do sujeito? Neste caso, o conhecimento tem valor objectivo, porque atinge uma realidade que existe independentemente da nossa representação; o conhecimento é a representação das coisas de facto existentes. Ou essa representação será simplesmente uma criação da nossa consciência, à qual nada corresponde fora do sujeito ou, se corresponde, é como se não existisse, porque não pode conhecer-se? O conhecimento, assim, terá unicamente valor subjectivo; representará as modificações subjectivas e atingirá os nossos estádios de consciência.
Ora, perguntar pela natureza do conhecimento consiste precisamente em indagar qual dos dois pólos, sujeito ou objecto do conhecimento, é determinante; ou seja, se o que se conhece directamente é a representação do real, poder-se-á considerar que se conhece efectivamente o real ou apenas a sua representação, a sua imagem? Em resposta a esta perguntas temos duas teorias opostas: o Realismo e o Idealismo.
3.1 O Realismo:
A nossa atitude habitual é acreditar que existe um mundo de objectos físicos que existem independentemente do facto de estarem a ser percebidos por um sujeito, que são causa das nossas percepções e que estas nos dão a conhecer o mundo tal como ele é em si. Esta atitude é habitualmente designada por Realismo. doutrina que afirma que por meio do conhecimento atingimos uma realidade distinta da nossa representação e independente dela, mas que lhe corresponde. Por outras palavras, o realismo admite a existência da realidade exterior (ou do mundo externo) como sendo coisa distinta do pensamento ou das nossas representações, o que significa que, para o realismo, o nosso conhecimento atinge a própria realidade e não apenas as representações subjectivas - atinge o que é, e não o que pensamos que seja.
"0 homem da rua, que não reflectiu muito sobre o problema da percepção e do mundo físico, é realista: crê que existe um mundo físico que está aí, quer o percebamos ou não, e que podemos saber diversas coisas sobre ele. As cinco crenças seguintes parecem ser partilhadas por todos os seres humanos, e o conjunto constituído pelas quatro primeiras fundamenta a opinião que, às vezes, se denominou "realismo ingénuo".
1. Existe um mundo de objectos físicos (árvores, edifícios, colinas, etc.).
2. Pode conhecer-se a verdade dos enunciados acerca destes objectos por meio da experiência sensorial.
3. Estes objectos não só existem quando estão a ser percepcionados, como também quando não estão a ser percepcionados. São independentes da percepção.
4. Por meio dos nossos sentidos, percepcionamos o mundo físico quase tal qual ele é. Em geral, as nossas pretensões ao seu conhecimento, estão justificadas.
As impressões que temos das coisas físicas nos sentidos, são causadas por essas mesmas coisas físicas. Por exemplo, a minha consciência da mesa é causada pela própria mesa. Porém, não há uma única destas proposições que não tenho sido questionada por pessoas que sobre elas pensaram de modo sistemático. Qual poderia ser a base da sua dúvida ?"
3.2 O ldealismo:
Contrariamente ao realismo, o idealismo afirma que o objecto de conhecimento é produto do espírito, o que significa que o conhecimento é produto do sujeito e que as coisas não são mais do que conteúdos de consciência. Berkeley, por exemplo, pensava que o mundo exterior que percepcionamos só existe na nossa percepção. Daí a expressão: esse = percipi, isto é, há uma identidade entre o ser de algo e o ser apercebido.
O idealismo não nega propriamente a existência do mundo externo, mas reduz este às representações, ou seja, ao pensamento, às ideias. Como tal, o nosso conhecimento atinge apenas as modificações subjectivas e não a própria realidade - atinge o que pensamos e não o que é.
"Chama-se idealismo a toda a doutrina - e às vezes a toda a atitude - segundo a qual o mais fundamental, e aquilo pelo qual se supõe que se devem orientar as acções humanas, são ideais - realizáveis ou não, mas quase sempre imaginados como realizáveis. Então, o idealismo contrapõe-se ao realismo, entendido como a doutrina - e às vezes a atitude - segundo a qual o mais fundamental, e aquilo pelo qual se supõe que se devem orientar as acções humanas são as 'realidades' - as 'duras realidades' (... ). Considerando, pois, o idealismo como idealismo moderno e tendo em conta que o ponto de partida do pensamento idealista é o sujeito, pode dizer-se que este constitui um esforço para responder à pergunta: 'Como podem, em geral, conhecer-se as coisas ?' (... ) Para o idealismo, 'ser' significa primariamente 'ser dado na consciência, no sujeito, no espírito', 'ser conteúdo da consciência, do sujeito, do espírito', 'estar contido na consciência, no sujeito e no espírito.'
Mora, J.F., Dicionário de Filosofia, tomo I
4- O PROBLEMA DO VALOR DO CONHECIMENTO:
Posto isto, podemos agora perguntarmo-nos: o nosso conhecimento intelectual terá valor objectivo e absoluto, ou apenas valor subjectivo e relativo ?
Terá valor objectivo se atingir o real, a essência das coisas, os objectos, tendo também, assim, um valor absoluto, pois sendo imutável a realidade essencial, também o respectivo conhecimento terá carácter absoluto - realismo. Terá carácter subjectivo, se apenas atingir as modificações subjectivas, a maneira como pensamos a realidade, o que as coisas são para nós e não a própria realidade em si e, por isto, também terá valor relativo, porque vale só para nós e para todos os seres constituídos como nós - relativismo.
O valor e limites do conhecimento estão dependentes da atitude que se tomar quanto à sua origem e à sua natureza. Assim, o empirismo, o racionalismo. e o idealismo são teorias relativistas, enquanto que o empírico-racionalismo e o próprio realismo conferem ao conhecimento valor absoluto.
Senão vejamos:
para o Empirismo, o conhecimento tem um valor relativo; não só porque varia com a experiência (o que é verdadeiro para a experiência deste mundo poderá não o ser para um mundo diverso), mas porque se limita a conhecer os fenómenos e, por isso, vale só para o mundo constituído pelos fenómenos.
para o Racionalismo, a realidade é interpretada em função de certos dados da razão que traduzem as possibilidades do espírito humano nesse sentido e, assim, o seu valor também é relativo, urna vez que é válido apenas para os seres que tenham uma constituição psicológica como a nossa.
para o Idealismo, o conhecimento tem valor puramente subjectivo e relativo, limitando-se o homem a conhecer apenas as suas modificações subjectivas, às quais nada de material corresponde na realidade (Berkeley), ou a conhecer as aparências da realidade - os fenómenos - e não a realidade em si - os númenos (Kant).
Estas três doutrinas são, portanto relativistas
Mas outras há que conferem ao conhecimento um valor objectivo e absoluto:
para o Empírico-Racionalismo e para o realismo o conhecimento tem um valor objectivo e absoluto, porque atinge o fundo da realidade ou a sua essência, não se limitando ao conhecimento das suas aparências ou das suas manifestações. De facto, para estas duas doutrinas, o conhecimento, por ser fruto de elaboração intelectual a partir das realidades percepcionadas, tem valor objectivo, porque as características gerais (ideias) que afirmamos dos indivíduos, ou das coisas, existem de facto nelas. O mundo do conhecimento não é, portanto, uma cópia do mundo real, mas é uma construção intelectual e técnica, a partir dessa mesma realidade.
É conveniente precisar em que sentido é que o conhecimento do homem tem valor absoluto. Quando falamos no conhecimento como valor absoluto, não estamos a dizer que conhecemos a realidade total e perfeitamente, pois, sob este aspecto, o conhecimento é relativo, por estar em contínua evolução e ser maior para uns do que para outros. A verdade total é uma aspiração que se impõe tanto mais quanto maior for o número de conhecimentos que se possui. Isto significa que é o conhecimento da verdade que varia, e não a própria verdade. A verdade de hoje será sempre verdade; se o é para um indivíduo, sê-lo-á para todos, de todos os tempos e lugares - é neste sentido que afirmamos que o conhecimento tem um valor absoluto. O que é realmente verdadeiro ficará sempre verdadeiro e será integrado em novos conhecimentos, uma vez que o homem, sempre sedento de conhecer, vai descobrindo na realidade - novas propriedades e, assim, vai enriquecendo o seu conhecimento - é assim que funciona o conhecimento científico que, nesse sentido, é dinâmico e está em perpétua renovação. O que varia não é a verdade, mas o nosso conhecimento acerca dessa verdade.
Observação filosófica
"(...) nos 10º e 11º anos de escolaridade, o ensino da Filosofia não é um fim em si mesmo, mas um meio que contribui, em especial mas não exclusivamente, para a formação do (...) aluno. Um meio para a formação na e da autonomia, ou uma ocasião para estimular o pensar autónomo". in Caderno de apoio à gestão do programa de Introdução à Filosofia.
Monday, April 09, 2012
Pergunta: "Pode o homem viver sem Deus?"
Pergunta: "Pode o homem viver sem Deus?"
Resposta: Contrário às afirmações de ateístas, estetas e epicuristas através dos séculos, o homem não pode viver sem Deus. O homem pode ter uma existência mortal sem confessar que Deus existe, mas não sem o fato de Deus.
Como o Criador, Deus deu início à vida humana. Dizer que o homem pode existir sem Deus é dizer que um relógio pode existir sem o relojoeiro, ou que uma história pode existir sem um contador de histórias. Devemos todo o nosso ser a Deus, em Cuja imagem somos feitos (Gênesis 1:27). Nossa existência depende de Deus, quer queiramos aceitar a Sua existência ou não.
Como o Sustentador, Deus continuamente concede a vida (Salmos 104:10-32). Ele é a vida (João 14:6), e toda a criação subsiste pelo poder de Cristo (Colossenses 1:17). Até mesmo aqueles que rejeitam a Deus recebem seu sustento dEle: “Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mateus 5:45). Pensar que o homem pode viver sem Deus é achar que um girassol pode viver sem luz ou uma rosa sem água.
Como o Salvador, Deus dá vida eterna àqueles que acreditam no Seu Filho. Vida se encontra em Cristo, o qual é a Luz dos homens (João 1:4). Jesus veio para que possamos ter vida “em abundância” (João 10:10). Todos aqueles que colocam sua confiança nEle são prometidos eternidade com Ele (João 3:15-16). Para o homem viver – realmente viver – ele precisa conhecer a Cristo (João 17:3).
Sem Deus, o homem tem vida física apenas. Deus advertiu a Adão e Eva que no dia que rejeitassem a Deus, eles certamente morreriam (Gênesis 2:17). Como sabemos, eles desobedeceram, mas não morreram fisicamente naquele dia; eles morreram espiritualmente. Algo dentro deles morreu – a vida espiritual que tinham conhecido, a comunhão com Deus, a liberdade de poder gozar da Sua presença, a inocência e pureza de suas almas – tudo isso tinha acabado.
Adão, o qual tinha sido criado para viver em comunhão com Deus, foi amaldiçoado com uma existência completamente carnal. O que Deus queria que fosse de pó à glória, agora iria de pó a pó. Assim como Adão, o homem sem Deus ainda hoje vive em uma existência terrena. Ele pode até parecer muito feliz; já que há muito divertimento e prazer que podem ser desfrutados nessa vida.
Alguns rejeitam a Deus mas ainda vivem vidas de diversão e alegria. Suas ambições carnais aparentam render-lhes uma existência gratificante e tranquila. A Bíblia diz que há um certo gozo que pode ser desfrutado do pecado (Hebreus 11:25). O problema é que tudo isso é temporário; a vida nesse mundo é curta (Salmos 90:3-12). Mais cedo ou mais tarde, o hedonista, assim como o filho pródigo da parábola, percebe que os prazeres desse mundo não sustentam sua alma (Lucas 15:13-15).
No entanto,nem todo mundo que rejeita a Deus é um desperdiçador como o filho pródigo. Há várias pessoas que não são salvas, mas vivem uma vida sóbria e disciplinada – até mesmo vidas gratificantes e felizes. A Bíblia apresenta certos princípios morais que vão beneficiar qualquer um desse mundo – fidelidade, modéstia, auto-controle,etc. Provérbios 22:3 é um exemplo de uma dessas verdades gerais. No entanto, o problema é que, sem Deus, o homem tem apenas esse mundo. Viver uma vida sem problemas não é nenhuma garantia de que estamos prontos para a próxima vida. Veja a parábola do fazendeiro rico em Lucas 12:16-21, e a conversa de Jesus com o jovem homem rico (e muito moral) em Mateus 19:16-23.
Sem Deus, o homem não encontra realização verdadeira, nem mesmo nessa vida mortal. Thomas Merton observou que o homem não tem paz com outros homens porque não está em paz consigo mesmo, e ele não tem paz consigo mesmo porque ele não tem paz com Deus.
A busca dos prazeres só por ter prazer é um sinal de tumulto interior, uma ilusão de felicidade do epicurista. Aqueles que procuram por prazer têm descoberto várias vezes, durante o curso da história, que as diversões temporárias da vida trazem desespero mais profundo. Aquele sentimento irritante de “algo está errado” é difícil de combater. O Rei Salomão se entregou a uma busca de tudo que esse mundo tem a oferecer, e registrou seus descobrimentos no livro de Eclesiastes.
Salomão descobriu que conhecimento, por si só, é fútil (Eclesiastes 1:12-18). Ele descobriu que prazer e riquezas são fúteis (2:1-11), que materialismo é uma tolice (2:12-23), e que riquezas são passageiras (capítulo 6).
Salomão conclui que a vida é um presente de Deus (3:12-13) e que a única forma sábia de viver é temendo a Deus: “De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más” (12:13-14).
Em outras palavras, há mais para essa vida do que a dimensão física. Jesus enfatiza isso quando diz: “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mateus 4:4). Não o pão (o físico), mas a Palavra de Deus (o espiritual) é o que nos mantém vivos. Blaise Pascal disse: “É em vão, oh homens, que procurais dentro de si mesmos a cura para todas as suas misérias.” O homem só pode achar vida e realização quando Ele reconhece a existência de Deus.
Sem Deus, o destino do homem é a morte. O homem sem Deus é espiritualmente morto; quando sua vida física acabar, ele tem que encarar morte espiritual – separação eterna de Deus. Na narrativa de Jesus sobre o homem rico e Lázaro (Lucas 16:19-31), o homem rico vive uma suntuosa vida de tranquilidade sem um pensamento de Deus, enquanto Lázaro sofre por sua vida mas conhece a Deus. É após suas mortes que os dois homens realmente compreendem a gravidade das escolhas que fizeram durante a vida. O homem rico “ergueu os olhos”, estando no tormento do inferno. Ele percebeu, já tarde, que há mais nessa vida dos que olhos podem enxergar. Enquanto isso, Lázaro é confortado no paraíso. Para ambos os homens, a duração curta da sua existência terrena não foi nada em comparação ao estado permanente de suas almas.
O homem é uma criação especial. Deus tem colocado uma consciência de eternidade nos nossos corações (Eclesiastes 3:11), e esse sentido de destino eterno pode achar sua realização apenas em Deus.
Resposta: Contrário às afirmações de ateístas, estetas e epicuristas através dos séculos, o homem não pode viver sem Deus. O homem pode ter uma existência mortal sem confessar que Deus existe, mas não sem o fato de Deus.
Como o Criador, Deus deu início à vida humana. Dizer que o homem pode existir sem Deus é dizer que um relógio pode existir sem o relojoeiro, ou que uma história pode existir sem um contador de histórias. Devemos todo o nosso ser a Deus, em Cuja imagem somos feitos (Gênesis 1:27). Nossa existência depende de Deus, quer queiramos aceitar a Sua existência ou não.
Como o Sustentador, Deus continuamente concede a vida (Salmos 104:10-32). Ele é a vida (João 14:6), e toda a criação subsiste pelo poder de Cristo (Colossenses 1:17). Até mesmo aqueles que rejeitam a Deus recebem seu sustento dEle: “Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mateus 5:45). Pensar que o homem pode viver sem Deus é achar que um girassol pode viver sem luz ou uma rosa sem água.
Como o Salvador, Deus dá vida eterna àqueles que acreditam no Seu Filho. Vida se encontra em Cristo, o qual é a Luz dos homens (João 1:4). Jesus veio para que possamos ter vida “em abundância” (João 10:10). Todos aqueles que colocam sua confiança nEle são prometidos eternidade com Ele (João 3:15-16). Para o homem viver – realmente viver – ele precisa conhecer a Cristo (João 17:3).
Sem Deus, o homem tem vida física apenas. Deus advertiu a Adão e Eva que no dia que rejeitassem a Deus, eles certamente morreriam (Gênesis 2:17). Como sabemos, eles desobedeceram, mas não morreram fisicamente naquele dia; eles morreram espiritualmente. Algo dentro deles morreu – a vida espiritual que tinham conhecido, a comunhão com Deus, a liberdade de poder gozar da Sua presença, a inocência e pureza de suas almas – tudo isso tinha acabado.
Adão, o qual tinha sido criado para viver em comunhão com Deus, foi amaldiçoado com uma existência completamente carnal. O que Deus queria que fosse de pó à glória, agora iria de pó a pó. Assim como Adão, o homem sem Deus ainda hoje vive em uma existência terrena. Ele pode até parecer muito feliz; já que há muito divertimento e prazer que podem ser desfrutados nessa vida.
Alguns rejeitam a Deus mas ainda vivem vidas de diversão e alegria. Suas ambições carnais aparentam render-lhes uma existência gratificante e tranquila. A Bíblia diz que há um certo gozo que pode ser desfrutado do pecado (Hebreus 11:25). O problema é que tudo isso é temporário; a vida nesse mundo é curta (Salmos 90:3-12). Mais cedo ou mais tarde, o hedonista, assim como o filho pródigo da parábola, percebe que os prazeres desse mundo não sustentam sua alma (Lucas 15:13-15).
No entanto,nem todo mundo que rejeita a Deus é um desperdiçador como o filho pródigo. Há várias pessoas que não são salvas, mas vivem uma vida sóbria e disciplinada – até mesmo vidas gratificantes e felizes. A Bíblia apresenta certos princípios morais que vão beneficiar qualquer um desse mundo – fidelidade, modéstia, auto-controle,etc. Provérbios 22:3 é um exemplo de uma dessas verdades gerais. No entanto, o problema é que, sem Deus, o homem tem apenas esse mundo. Viver uma vida sem problemas não é nenhuma garantia de que estamos prontos para a próxima vida. Veja a parábola do fazendeiro rico em Lucas 12:16-21, e a conversa de Jesus com o jovem homem rico (e muito moral) em Mateus 19:16-23.
Sem Deus, o homem não encontra realização verdadeira, nem mesmo nessa vida mortal. Thomas Merton observou que o homem não tem paz com outros homens porque não está em paz consigo mesmo, e ele não tem paz consigo mesmo porque ele não tem paz com Deus.
A busca dos prazeres só por ter prazer é um sinal de tumulto interior, uma ilusão de felicidade do epicurista. Aqueles que procuram por prazer têm descoberto várias vezes, durante o curso da história, que as diversões temporárias da vida trazem desespero mais profundo. Aquele sentimento irritante de “algo está errado” é difícil de combater. O Rei Salomão se entregou a uma busca de tudo que esse mundo tem a oferecer, e registrou seus descobrimentos no livro de Eclesiastes.
Salomão descobriu que conhecimento, por si só, é fútil (Eclesiastes 1:12-18). Ele descobriu que prazer e riquezas são fúteis (2:1-11), que materialismo é uma tolice (2:12-23), e que riquezas são passageiras (capítulo 6).
Salomão conclui que a vida é um presente de Deus (3:12-13) e que a única forma sábia de viver é temendo a Deus: “De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más” (12:13-14).
Em outras palavras, há mais para essa vida do que a dimensão física. Jesus enfatiza isso quando diz: “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mateus 4:4). Não o pão (o físico), mas a Palavra de Deus (o espiritual) é o que nos mantém vivos. Blaise Pascal disse: “É em vão, oh homens, que procurais dentro de si mesmos a cura para todas as suas misérias.” O homem só pode achar vida e realização quando Ele reconhece a existência de Deus.
Sem Deus, o destino do homem é a morte. O homem sem Deus é espiritualmente morto; quando sua vida física acabar, ele tem que encarar morte espiritual – separação eterna de Deus. Na narrativa de Jesus sobre o homem rico e Lázaro (Lucas 16:19-31), o homem rico vive uma suntuosa vida de tranquilidade sem um pensamento de Deus, enquanto Lázaro sofre por sua vida mas conhece a Deus. É após suas mortes que os dois homens realmente compreendem a gravidade das escolhas que fizeram durante a vida. O homem rico “ergueu os olhos”, estando no tormento do inferno. Ele percebeu, já tarde, que há mais nessa vida dos que olhos podem enxergar. Enquanto isso, Lázaro é confortado no paraíso. Para ambos os homens, a duração curta da sua existência terrena não foi nada em comparação ao estado permanente de suas almas.
O homem é uma criação especial. Deus tem colocado uma consciência de eternidade nos nossos corações (Eclesiastes 3:11), e esse sentido de destino eterno pode achar sua realização apenas em Deus.
Monday, January 02, 2012
Desenvolvimento Urbano
“Não se trata simplesmente de um lugar de passagem e circulação. A invasão dos automóveis e a pressão dessa indústria, isto é, do lobby do automóvel, fazem dele um objeto-piloto, do estacionamento uma obsessão, da circulação um objetivo prioritário, destruidores de toda vida social e urbana. Aproxima-se o dia em que será preciso limitar os direitos e poderes do automóvel, não sem dificuldades e destruições.
A rua? É o lugar (topia) do encontro, sem o qual não existem outros encontros possíveis nos lugares determinados (cafés, teatros, salas diversas). Esses lugares privilegiados animam as ruas e são favorecidos por sua animação, ou então não existem. Na rua, teatro espontâneo, torno-me espetáculo e espectador, às vezes ator. Nela efetua-se o movimento, a mistura, sem os quais não há vida urbana, mas separação, segregação estipulada e imobilizada. Quando se suprimiu a rua (desde Le Corbusier, nos “novos conjuntos”), viu-se as consequências: a extinção da vida, a redução da “cidade” a dormitório, a aberrante funcionalização da existência. A rua contém as funções negligenciadas por Le Corbusier: a função informativa, a função simbólica, a função lúdica. Nela joga-se, nela aprende-se.
A rua é a desordem? Certamente. Todos os elementos da vida urbana, noutra parte congelados numa ordem imóvel e redundante, liberam-se e afluem às ruas e por elas em direção aos centros; aí se encontram, arrancados de seus lugares fixos. Essa desordem vive. Informa. Surpreende. Além disso, essa desordem constrói uma ordem superior. Os trabalhos de Jane Jacobs mostraram que nos Estados Unidos, a rua (movimentada, frequentada) fornece a única segurança possível contra a violência criminal (roubo, estupro, agressão). Onde quer que a rua desapareça, a criminalidade aumenta, se organiza. Na rua, e por esse espaço, um grupo (a própria cidade) se manifesta, aparece, apropria-se dos lugares, realiza um tempo-espaçȯ apropriado. Uma tal apropriação mostra que o uso e o valor de uso podem dominar a troca e o valor de troca. Quanto ao acontecimento revolucionário, ele geralmente ocorre na rua (em caso de ameaça, a primeira imposição do poder é a interdição à permanência e à reunião na rua). Isso não mostra também que sua desordem engendra uma outra ordem?
O espaço urbano da rua não é o lugar da palavra, o lugar da troca pelas palavras e signos, assim como pelas coisas? Não é o lugar privilegiado no qual se escreve a palavra? Onde ela pôde tornar-se “selvagem” e inscrever-se nos muros, escapando das prescrições e instituições?
A rua? É o lugar (topia) do encontro, sem o qual não existem outros encontros possíveis nos lugares determinados (cafés, teatros, salas diversas). Esses lugares privilegiados animam as ruas e são favorecidos por sua animação, ou então não existem. Na rua, teatro espontâneo, torno-me espetáculo e espectador, às vezes ator. Nela efetua-se o movimento, a mistura, sem os quais não há vida urbana, mas separação, segregação estipulada e imobilizada. Quando se suprimiu a rua (desde Le Corbusier, nos “novos conjuntos”), viu-se as consequências: a extinção da vida, a redução da “cidade” a dormitório, a aberrante funcionalização da existência. A rua contém as funções negligenciadas por Le Corbusier: a função informativa, a função simbólica, a função lúdica. Nela joga-se, nela aprende-se.
A rua é a desordem? Certamente. Todos os elementos da vida urbana, noutra parte congelados numa ordem imóvel e redundante, liberam-se e afluem às ruas e por elas em direção aos centros; aí se encontram, arrancados de seus lugares fixos. Essa desordem vive. Informa. Surpreende. Além disso, essa desordem constrói uma ordem superior. Os trabalhos de Jane Jacobs mostraram que nos Estados Unidos, a rua (movimentada, frequentada) fornece a única segurança possível contra a violência criminal (roubo, estupro, agressão). Onde quer que a rua desapareça, a criminalidade aumenta, se organiza. Na rua, e por esse espaço, um grupo (a própria cidade) se manifesta, aparece, apropria-se dos lugares, realiza um tempo-espaçȯ apropriado. Uma tal apropriação mostra que o uso e o valor de uso podem dominar a troca e o valor de troca. Quanto ao acontecimento revolucionário, ele geralmente ocorre na rua (em caso de ameaça, a primeira imposição do poder é a interdição à permanência e à reunião na rua). Isso não mostra também que sua desordem engendra uma outra ordem?
O espaço urbano da rua não é o lugar da palavra, o lugar da troca pelas palavras e signos, assim como pelas coisas? Não é o lugar privilegiado no qual se escreve a palavra? Onde ela pôde tornar-se “selvagem” e inscrever-se nos muros, escapando das prescrições e instituições?
Cibernautas é 2012
Olá cibernautas.
Espero que se encontrem bem, estavelmente, e com saúde dentro dos possíveis.
Escrevo alguns apontamentos de Filosofia que tenho de analisar:
Aqueles que exaltam o poder da vontade e menosprezam o poder do meio desmentem as suas palavras pelos seus actos.
Simplificado -> Aqueles que en
Aqueles que exaltam/glorificam/engradecem o poder da vontade e menosprezam/desprezam o poder do meio desmentem/contradizem/contestam as suas palavras pelos seus actos.
Espero que se encontrem bem, estavelmente, e com saúde dentro dos possíveis.
Escrevo alguns apontamentos de Filosofia que tenho de analisar:
Aqueles que exaltam o poder da vontade e menosprezam o poder do meio desmentem as suas palavras pelos seus actos.
Simplificado -> Aqueles que en
Aqueles que exaltam/glorificam/engradecem o poder da vontade e menosprezam/desprezam o poder do meio desmentem/contradizem/contestam as suas palavras pelos seus actos.
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