Sunday, December 11, 2011

Neve (a)

Batem leve, levemente,
como quem chama por mim...
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim...

É talvez a ventania;
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento, com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
Há quanto tempo a não via!
E que saudade, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...

Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
de uns pezitos de criança...

E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
- depois em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...

Que quem já é pecador
sofra tormentos... enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na natureza...
– e cai no meu coração.


Augusto Gil - Luar de Janeiro, 1909

Sunday, December 04, 2011

Solitária consciente.

Boas estimados leitores, preparados para outra dose de desabafo? Conseguem suportar tanta irregularidade num só ser? Ou será mesmo meu comportamento normal.
Parece-me a mim, que escrevo como um desabafo defensivo, para equilibrar o meu comportamente e assim escapar ao erro, ainda não defini bem o que vou escrever mas pode ser, a partilha e coragem, quando falo em partilha obrigatóriamente existirá um receptor no outro final, e por isso terei de conquistar, fazer, procurar 1 ser de alguma espécie para compartir o que seja, indirectamente eu faço-o, mas directamente muito menos.Eu sei que compartir é viver e isso é algo que procuro, viver junto de outras pessoas, não me sentir só, creio que a emoção preenche-me e estimula-me, parece um pouco vazio estes dias, e em especial nos sábados porque no subconsciente penso naqueles que se vão divertir das mais diversas formas, se calhar tenho de fazer algo para conquistar esses momentos e aí é que vem a coragem, mas porquê chamar-lhe coragem, pois eu sou um pouco complicado, ou seja se calhar complico, por exemplo podia ir directo a um bar e pôr-me a falar com alguém, mas acho que tenho medo de fraudar essa pessoa, ou até mesmo a mim, medo de não sei o quê, creio que não há nada de errado comigo, será que a este ponto necessito de estudar um pouco mais e controlar mais estas emoções, será que há pessoas como eu na mesma situação.
Para solucionar o que devo recomendar a mim próprio?
Ir a um concerto. Sozinho?
Farto, farto do meio urbano, vou decidir fugir para bem longe com meia dúzia de dolares. Vou chorar sozinho e esperar que Deus me venha ensinar e ajudar?! Ele não existe, ou existe?!